Arritmias
O sistema elétrico do coração regula a frequência cardíaca conforme a necessidade de oxigenação do organismo: na maioria dos indivíduos, os batimentos giram em torno de 60 a 80 por minuto. Alterações nesse sistema fazem o coração bater em ritmo acelerado (taquicardia) ou lento demais (bradicardia), podendo causar arritmias. Nem sempre as arritmias têm maiores consequências, mas há casos em que podem ser um indício de doenças graves. Portanto, a sensação de que o coração perdeu o ritmo é um sintoma que não deve ser ignorado.
Há vários tipos de arritmias. Elas podem ter origem na parte superior do coração (átrios ou supraventriculares) ou nas câmaras inferiores (ventrículos). Dentre as arritmias supraventriculares, um tipo que merece atenção é a fibrilação atrial, que afeta com mais frequência a população idosa. No Brasil, atinge 5% das pessoas acima de 69 anos, segundo a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas. Pode causar fadiga, palpitações e desmaios. A consequência mais grave é a formação de coágulos no coração, que podem chegar ao cérebro e provocar um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Nos ventrículos, a arritmia mais comum é a extrassístole (batida precoce que é percebida como uma batida a mais no coração). Aparentemente inofensiva pode evoluir para quadros emergenciais, como a taquicardia ventricular, e daí para a fibrilação ventricular, uma das principais causas de parada cardíaca e morte súbita no mundo. Cerca de 90% dos casos seriam evitados se diagnosticados a tempo.
Identificar o tipo e a origem da arritmia é fundamental para determinar o risco e os procedimentos mais eficazes para a prevenção de complicações. Para isso, a cardiologia dispões de uma série de recursos de última geração, como o Web Loop Recorder, que transmite eletrocardiogramas por meio da internet, e o estudo eletrofisiológico guiado por uma espécie de GPS, em que cateteres com eletrodos são introduzidos e, à medida que tocam os tecidos do coração, o computador desenha virtualmente o órgão, fazendo seu mapeamento eletroanatômico.
Em pacientes com fibrilação atrial, a prevenção pode incluir o fechamento percutâneo da auriculeta, um apêndice do coração cuja cavidade favorece a formação de coágulos que podem ser levados pela circulação sanguínea a qualquer parte do corpo, inclusive ao cérebro, causando o AVC.
O tratamento de arritmias pode envolver, ainda, medicamentos, mudanças no estilo de vida e, em alguns casos, a ablação por emissão de calor (radiofrequência), em que cateteres introduzidos no coração fazem cauterizações para corrigir ou atenuar arritmias.
Em alguns casos é necessário o implante subcutâneo de desfibrilador automático, que faz a leitura do ritmo cardíaco, corrige a pulsação e, se necessário emite choque para trazer o ritmo do coração à normalidade. Há, ainda, cirurgias minimamente invasivas e com o uso da robótica, realizadas por meio de incisões mínimas no tórax.
Os recursos para diagnósticos e tratamento das arritmias são muitos. O mais importante, porém, é não deixar qualquer sintoma passar despercebido. Uma investigação para afastar as suspeitas ou iniciar logo o tratamento faz toda a diferença.
Texto retirado da revista Veja, edição 2210 - ano 44 - n 13. Página Einsten, 47. Para mais informações sobre esse e outros assuntos acesse o site: www.einstein.br
Isquemia: É a falta de suprimento sanguíneo para um tecido orgânico. Essa falta de sangue, consequentemente oxigenação, pode ser causada por uma não despolarização total do ventrículo, levando a hipóxia.
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