quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Substituição Aromática Eletrofílica

O benzeno é um ótimo substrato para substituições, pois essas reações permitem a ele preservar o seu sistema anelar que é bem estável, por ser estabilizado por ressonância.

No anel benzênico existe uma nuvem de elétrons tanto acima quanto a baixo, que são os elétrons das ligações pi.
Esses elétrons são bem mais acessíveis a reagentes que precisam de elétrons do que elétrons de compostos que só fazem ligações sigma.

Sendo assim percebe-se que o benzeno agirá em suas reações típicas como uma base de Lewis (cedendo elétrons).
Reagindo com moléculas com falta de elétrons, os ácidos de Lewis.

Se um composto tem necessidade de receber elétrons (tem afinidade por elétrons), ele é chamado de eletrófilo.
(A reação típica dos alcenos é a adição eletrofílica, exatamente pelos elétrons pi que são acessíveis, permitindo aos alcenos a reagirem com reagentes eletrofílicos. No benzeno não ocorre tipicamente adição, pois a estabilidade diminuiria pela adição tirar uma dupla do anel e comprometer a ressonância, mas em contrapartida sofre substituição facilmente por ação desses reagentes -eletrofílicos-).

Os principais tipos de reações eletrofílicas apresentadas por quase todos os anéis aromáticos são:

- Nitração.

- Halogenação.

- Reações de Friedel-Crafts.




Produtos Formados


O tolueno quando substituído seja por nitração, sulfonação, halogenação ou por reação de Friedel-Crafts, predominam os produtos formados na orientação orto e para do anel.

Porém a substituição no substrato nitrobenzeno faz o contrário, o produto principal é o isómero formado na orientação meta.

Então percebe-se que será o grupo ligado ao anel benzênico que determinará a reatividade do anel e a orientação da substituição.

Grupos desativantes (grupos que diminuem a densidade eletrônica do anel) ligados ao anel desativam todos os carbonos desde as orientações orto-para quanto a meta, porém o efeito deles é maior sobre os carbonos de orientação orto-para.
Mesma coisa acontece com os grupos ativantes, ativam todo o anel, por efeito indutivo, empurrando elétrons para ele, porém o efeito é amplificado nos carbonos de orientação orto-para, deixando-os mais reativos (os produtos formados serão em maior quantidade os de orientação orto-para).

* Grupos Ativantes:

- Fortemente ativantes: -OH, -NH2 (e aminas neutras). 

Mesmo sendo bem elétron negativos, cedem prótons ao anel por um efeito que sobrepõe-se ao efeito indutor deles (como o efeito de ressonância).
 - Moderadamente ativantes: Ésteres e amidas.
- Fracamente ativantes: Radicais alquilas.


* Grupos Desativantes:

- NO2, -N(CH3)3+, -CN, -COOH, -SO3H, CHO (aldeído ou cetonas).


Existe também um grupo desativante que induz a orientação orto-para que são aneis ligados em haletos.




Naftaleno

No naftaleno a substituição ocorrerá formando produto principal na orientação alfa, onde o segundo anel benzênico da estrutura permanece completo, sem quebra da ressonância em duas de suas estruturas canônicas.


Sendo então o carbocátion mais estável.






Nitração


Para começar a nitração de um anel benzênico deve-se colocar uma mistura de ácido misto, que é ácido nítrico misturado com ácido sulfúrico.

O ácido sulfúrico é muito forte e logo que colocado em solução se ioniza:
H2SO4 -> H+ + HSO4^-

Por ser bem mais forte que o ácido nítrico o obriga a se ionizar diferente de usualmente quando só libera o próton e o ácido nítrico se dissocia:
HONO2 -> HO- +  (+)NO2


* Primeiro passo da nitração:
HONO2 +  2H2SO4 -> H3O+ + 2HSO4^- + (+)NO2

(+)NO2 é chamado de íon nitroílo, o sinal de mais em frente ele representa a carga formal do nitrogênio que fica positivo por estar fazendo 4 ligações.
Essa carga positiva transforma esse íon em um ácido de Lewis, que irá ser atraído por elétrons, no caso quando adicionado o benzeno, pelos elétrons pi acessíveis do anel.


* Passo dois da nitração:
C6H6 + (+)NO2 -> C6H6NO2+

Com essa adição de (+)NO2 no benzeno, ocorre rompimento de uma dupla e um carbono passa a fazer somente três ligações, formando assim o carbocátion.

Esse é o passo mais lento, que é o passo da formação do carbocátion, formando essa molécula positiva e muito reativa que será um híbrido de ressonância de três das estruturas canônicas possíveis para esse carbocátion.




Esse híbrido de ressonância simboliza que a carga positiva não é própria de um carbono, mas sim distribuída por toda a molécula, sendo particularmente forte sobre os átomos de carbono da posição orto e para.

Ser um híbrido de ressonância faz desse carbocátion mais estável do que outros.

Logo que formada essa molécula então ela reagirá rapidamente ocorrendo o passo 3.


* Passo três da nitração:
 C6H6NO2+ + HSO4- -> C6H5NO2 + H2SO4

Onde o HSO4^- atrai um hidrogênio do benzeno, sendo a reação mais fácil de ocorrer para ambos os compostos.
Já que a destruição da dupla deixava o benzeno mais instável.
 


- O mesmo mecanismo ocorre na sulfonação onde o primeiro passo o ácido sulfúrico produz íons pela reação:
2H2SO4 -> H3O+ + HSO4- + SO3 (eletrófilo)

O eletrófilo em certas condições de acididade em alguns substratos poderia ser HSO3+.

Forma-se uma molécula de água protonada, pela perda do H+ de uma molécula de ácido sulfúrico agindo como ácido e a perda de OH- da outra agindo como base, em busca do equilíbrio ácido-base.

Há então formação do trióxido de enxofre que será o eletrófilo, ele se ligará ao carbono rompendo uma dupla do anel benzênico e ficando ligado como SO3-.
Além da formação do carbocátion no anel.

O carbocátion irá perder um próton para HSO4-, voltando a recuperar a ressonância, mas sendo ainda uma molécula negativa de fórmula:
C6H5SO3- que poderá se ligar ao hidrogênio do H3O+, mas com muita baixa frequência, pois o ácido benzênico sulfônico é um ácido forte que se encontra quase totalmente dissociado naturalmente. 



Reação de Friedel-Crafts


É uma substituição que ocorre em anéis aromáticos do hidrogênio ligado ao carbono por uma cadeia carbônica (-radical- grupo alquila).

O eletrófilo portanto será o radical alquila protonado, portanto muitas vezes há a formação de carbocátion logo na etapa inicial de obtenção do eletrófilo.

Esse carbocátion irá ser atraído pelos elétrons das ligações pi do benzeno.

A formação do carbocátion alquila se dá por uma reação de equilíbrio ácido-base também, como ocorria na formação dos eletrófilos na nitração e sulfonação.

* Primeiro passo da reação de Friedel-Crafts:
RCl + AlCl3 -> AlCl4- + R+

Um haleto de alquila reage com cloreto de alumínio.
O cloreto de alumínio seria o ácido de Lewis e o haleto de alquila a base, passando o halogênio com o par de elétrons para o AlCl3 e formando o carbocátion.

Pode haver casos que não haja a formação do carbocátion livre, passando o grupo alquila diretamente do complexo ligado ao AlCl3, direto para o anel, deixando o halogênio e o par de elétrons no AlCl3, nessa passagem.



Então a ligação do grupo alquila eletrofílico ao benzeno faz-se o passo comum às substituições em compostos aromáticos, que é quando se forma o carbocátion no anel.

Esse passo de formação do carbocátion é o mais lento, logo depois a perda do hidrogênio e a volta da estabilização do anel pela ressonância é um passo final e rápido.


Como se sabe também o grupo alquila (o eletrófilo) é o ácido de Lewis e o benzeno é a base de Lewis dessa reação de substituição que é uma reação de equilíbrio entre ácido-base.


Percebe-se que o AlCl3 ao se ligar ao cloreto de alquila forma uma grupo AlCl4- que é mais fácil ainda de se despedir do grupo alquila do que só o Cl seria.
Tendo esse ácido de Lewis (AlCl3) a mesma função que um ácido de Bronsted-Lowry tem ao protonar um álcool.

Como ocorre na desidratação de álcoois por ácidos fortes como H2SO4.
Veja aqui o mecanismo de Desidratação de Álcoois.

Ou na substituição nucleofílica de álcoois com a utilização de ácidos halogenídricos como HCl.
Substituição Nucleofílica de Álcoois.


- Poderia se usar também para a formação do carbocátion inicial (o eletrófilo) o reagente FeCl3 que também é um ácido de Lewis, pois aceita um átomo se ligando a ele, levando um par de elétrons a mais para a molécula e formando FeCl4-.


Halogenação


Seguindo o mesmo princípio há necessidade de criar um eletrófilo, porém um halogênio positivo livre é de muita improvável existência, por isso coloca-se Cl2 junto com um FeCl3 que aceita a ligação de um Cl a ele e induz a liberação do outro átomo de cloro da molécula de Cl2, que sai deixando o par de elétrons da ligação.

* Primeiro Passo da Halogenação:
Cl2 + FeCl3 -> Cl3Fe(-)-(+)Cl-Cl

Formam um complexo onde o ferro fica com carga formal negativa e o cloro com carga formal positiva por estar fazendo duas ligações.
Essa carga positiva do cloro faz ele tender a atrair os elétrons da ligação com o outro Cl que será liberado se ligando aos elétrons acessíveis de um anel aromático no passo 2.

* Passo 2 da Halogenação:
Cl3Fe(-)-(+)Cl-Cl + C6H6 (benzeno) -> C6H6Cl+ + FeCl4-

Então ocorre formação do carbocátion já conhecido da substituição eletrofílica, nesse passo comum dessa substituição, que é o passo lento.
Onde o anel tem a ressonância interrompida por uma dupla ligação ter sido desfeita.

O FeCl4- fica negativo porque o (+)Cl estava com carga formal positiva, porém quando pegou o par de elétrons da ligação com o outro átomo de cloro, ficou com um elétron a mais (que não é dele) neutralizando sua carga positiva (inclusive pela quebra de sua ligação a mais).
E a carga negativa do ferro continua, deixando a molécula aniônica.


Depois da formação do carbocátion o próximo passo é o passo rápido.

* Passo 3 da Halogenação:
C6H6Cl+ + FeCl4- -> C6H5Cl + HCl + FeCl3


Essa passagem de átomo de halogênio de sua molécula (Cl2) também é vista na adição eletrofílica de compostos como o eteno, onde a zona da ligação pi com elétrons acessíveis faz o substrato ser muito reativo conseguindo a passagem de halogênio positivo e liberando Cl-.
Porém o benzeno como é um substrato mais estável, portanto menos reativo, necessita de um ácido de Lewis (como FeCl3) para que ocorra a reação.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Cromatografia Gasosa

Na cromatografia gasosa uma amostra é transformada em gás para poder ter seus componentes separados pela passagem pela coluna junto com uma fase móvel também gasosa, coluna que está preenchida por uma fase estacionária líquida ou sólida.


O processo da cromatografia gasosa é muito parecido com o da cromatografia líquida de alta eficiência.


Onde uma corrente de gás atravessa a coluna constantemente, até a introdução da amostra vaporizada.

Então a amostra é injetada e levada a passar pela coluna preenchida com a fase estacionária sólida ou líquida.

A coluna fica em uma câmara térmica que permite a aplicação de temperaturas que favoreçam a fase móvel e a amostra a estarem em forma gasosa (a fase estacionária portanto terá que ter um ponto de ebulição mais alto).

Na passagem pela coluna, substâncias da amostra são retidas por afinidades diferentes, fazendo com que as substâncias sejam separadas por saírem da coluna em tempos diferentes.


 

Logo que sai a primeira porção da coluna um detector faz a detecção da substância. 
Pois sabe-se que o tempo de retenção está diretamente relacionado as características físico-químicas da substância.
 
E se esse detector do aparelho de cromatografia gasosa for associado a um espectrofotômetro por exemplo, pode fazer inclusive uma detecção qualitativa e quantitativa do componente da amostra que saiu. 
Isso pode ser feito pela análise da quantidade e frequência de luz que foi absorvida por aquela porção.



Então, acontecendo por um processo tão parecido ao da cromatografia líquida o motivo da cromatografia gasosa ser muito utilizada também é pelo seu alto poder de resolução

Sendo por ela possível separar, detectar e analisar dezenas de componentes de uma mistura.

A alta sensibilidade da cromatografia gasosa consegue dependendo do caso a detectar componentes diferentes da amostra que saíram da coluna carregados pela fase móvel na concentração de 10^-12 gramas.
Isso inclusive faz com que ela seja escolhida com frequência para análises onde existe uma pequena e limitada quantidade de amostra.
Tão pequena quantidade de amostra que por outros métodos não poderia ser separada. 



* A Fase estacionária em caso de líquida deve ter baixa viscosidade e alta capacidade de dissolver a amostra.

Porque no caso da cromatografia gasosa a separação acontece não só pela afinidade dos componentes da amostra à fase estacionária, mas também pelas suas volatilidades, pois a temperatura durante o processo cromatográfico de uma amostra pode ser aumentada, diminuindo o tempo de retenção das substâncias mais voláteis (que também são comumente as mais apolares).

Essa característica auxilia a alta resolução da cromatografia gasosa, pois substâncias que apresentam o mesmo grau de retenção podem ser separadas por volatilidades diferentes.


Porém na cromatografia gás-líquido ainda há a separação por diferença de solubilidade dos componentes da amostra no líquido da fase estacionária.


* A Fase móvel é um gás que possibilita a interação entre a amostra e a fase estacionária, é chamado de gás de arraste, pois levará para fora da coluna os componentes da amostra que não estiverem interagindo com a fase estacionária.

Por isso a fase móvel sai de um cilindro com o gás sobre alta pressão, que quando aberto começa a fazer o caminho pelo cromatógrafo passando pela coluna.

Os gases mais usados como fases móveis são o nitrogênio, hélio, hidrogênio e argônio.
Pois deve conter alto grau de pureza, tendo que passar por peneiras moleculares ou sílica antes de serem usados.
Porque a presença de impureza atrapalharia a eficiência do detector.


  • Esquema de um aparelho de cromatografia gasosa:



* Desvantagens: Só pode ser feita com substâncias voláteis e estáveis termicamente.

A preparação da amostra muitas vezes é demorada e cara, para que não tenha contaminantes na amostra.

Normalmente a cromatografia gasosa sozinha não é uma boa técnica para análise qualitativa dos componentes, tendo necessidade da utilização de um equipamento posteriormente para a identificação segura das substâncias.
(por isso existe o cromatógrafo acoplado a um espectrofotômetro de massa, que é muito eficiente).

Microrganismos

* Esterilização é a ação de eliminação de todos os microrganismos, incluindo as formas mais resistentes, como esporos.

* Desinfecção
é o processo que destrói ou remove a maioria dos microrganismos no local.


Para a desinfecção os produtos químicos mais utilizados são compostos a base de fenóis, normalmente com concentração por volta de 5%.
Hipocloritos (popularmente chamados de água sanitária) em concentração de 2% (não tem grande ação contra micobactérias).
Formaldeídos (solução aquosa 10% e solução alcoólica 8%).
Glutaraldeido em concentração de 2%. 


Antissépticos
são produtos químicos que desinfectam a pele.
Normalmente eliminam formas vegetativas dos microrganismos, reduzindo principalmente a microbiota patogênica e inibindo sua multiplicação, mas não destrói esporos (por ser desinfetante e não esterilizante).


* Pasteurização
é um processo de desinfecção, mas é uma desinfecção suave por meio de aquecimento de um produto que estava em baixas temperaturas.



Gravidade dos Riscos que o Microrganismo Oferece



Dependendo do tipo do microrganismo ele é considerado de um grau de periculosidade.

- Grupo I:
É formado por microrganismos que até o momento não causam doenças no homem, além de representarem baixo risco de contaminação do ambiente, como:

Lactobacillus, Lactococcus, Saccharomyces, E. colli, entre outros.


- Grupo II:
É formado por microrganismos que podem causar doenças no homem, mas a exposição laboratorial dificilmente levaria ao profissional à se contaminar.
Mas mesmo se ele se contaminasse com esse microrganismo, eles causam doenças que existem medidas profiláticas (meios para evitar a doença e sua propagação para os demais) e terapêuticas eficientes. Exemplos:

Staphylococcus, Streptococcus, Neisseria, Listeria, entre outros.


- Grupos III:
É formado por microrganismos que podem causar doenças no homem e mesmo que só na manipulação laboratorial eles apresentam risco elevado de infectar os laboratorialistas.
Sendo assim podem apresentar riscos de serem disseminados para a população, porém existem medidas profiláticas e terapêuticas eficientes em seu combate. Exemplos:

Mycobacterium tuberculosis, Coxiella burnetti, Trypanosoma cruzi, HIV, vírus da hepatite B e C, entre outros.


- Grupo IV:
Formado por microrganismos que causam doenças no homem e apresentam alto risco de contaminação para os laboratorialistas.
Eles se propagam facilmente e causam doenças que não existem medidas profiláticas ou terapêuticas eficientes. Exemplos:

Vírus da febre hemorrágica, da febre de Lassa, Machupo, Ebola.




Bico de Bunsen


Possui uma chama que é acesa pela ação do gás butano (inflamável), ao redor dessa chama se forma três zonas.

As duas mais internas são mais frias onde predomina principalmente gás que saiu do bico e não entrou em combustão.
A terceira é mais quente e forma uma zona oxidante ao redor da chama.


Autoclave



Materiais sólidos termorresistentes e resíduos sólidos podem ser esterilizados através da autoclavação.
Para uma maior garantia da biossegurança é importante esterilizar todos os resíduos de um laboratório de microbiologia por exemplo, antes de mandá-los para a incineração.


A autoclave é um aparelho normalmente um cilindro metálico com tampa fechada hermeticamente, onde se aquece materiais com um calor úmido (há presença de água) sobre pressão.

Na parte inferior coloca-se água que é aquecida se transformando em vapor.
É importante levar em consideração que nesse início terá portanto ar no interior da autoclave além do vapor d'água, por isso existe uma válvula que permite a saída do ar.
Diminuindo assim a pressão interna, facilitando a formação do vapor, que satura o ambiente interno do cilindro.

A autoclave pode alcançar temperaturas entre 121 - 134 graus Celsius dependendo do material a ser esterilizado.




Sabe-se que o calor úmido é muito mais eficiente no processo de destruição de microrganismos do que o calor seco.

O calor úmido pode ser obtido além da autoclave, por um processo bem mais simples, como o aquecimento da água até ela ficar fervente.

Essa ação esterilizante do calor úmido se dá pela termocoagulação das proteínas e sua desnaturalização (que o calor seco também faz), porém com a ajuda da água que influencia em como irá ocorrer essa destruição das proteínas da membrana e enzimas, pois a água provoca ligações de hidrogênio destruindo as naturais já existentes.

A formação de ligações de hidrogênio entre a água existente no meio com as proteínas dos microrganismos agiliza o processo de desnaturação de proteínas (facilita a quebras das cápsulas), tornando a esterilização por calor úmido mais eficaz e com tempo de exposição menor.


* Um bom exemplo desse melhor desempenho na esterilização é o esporo de Bacillus anthracis que no calor seco é eliminado a 140 graus Celsius, tendo que permanecer nessa temperatura por mais de 180 minutos.
no calor úmido, na autoclave, esse esporo é eliminado a 121 graus Celsius, durante somente 15 minutos de exposição.


A principal diferença da fervura da água simplesmente é o meio que autoclave proporciona sem ar, somente vapor d'água saturando o local (presente por todo ele).

Por isso a fervura da água não a esteriliza. 
Somente mata a maioria das formas vegetativas se for feita durante 10 a 20 minutos, mas não necessariamente os esporos.

Introdução à Biossegurança

Biossegurança (vida livre de perigos) quando aplicada à pratica laboratorial compreende no conjunto de ações voltadas para a minimização ou eliminação de riscos inerentes à pesquisa, ensino, desenvolvimento tecnológico e etc.

Esses riscos podem comprometer a saúde e o bem estar do homem, dos animais e do meio ambiente.



Biossegurança no Brasil

No Brasil existem diversos órgãos preocupados com a normatização dos procedimentos e produtos para garantir que não correspondam a riscos às pessoas, como:

- Ministério da Saúde:
O órgão vinculado ao ministério da saúde que visa garantir as práticas para uma completa biossegurança (atividades sem riscos para a vida) é a ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Se preocupa com tudo que envolve defesa da saúde humana.

- Ministério da Ciência e Tecnologia:
Possui o CTNBio - Comissão Técnica Nacional de Biossegurança.
Se preocupa com os processos e avanços relacionados a biotecnologia.

- Ministério do Trabalho e Emprego:
Secretaria de Inspeção do Trabalho.
Se preocupa com os assuntos que regulamentam a biossegurança no trabalho.

- Ministério do Meio Ambiente:
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente.
Se preocupa com os assuntos que envolvem o meio ambiente como descarte de resíduos.


Todos eles fazem leis com intuito de garantir a biossegurança.



Os Riscos

Os principais riscos na prática laboratorial são classificados como:
Físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes.

- Riscos Físicos:
*Como temperatura na operação de equipamentos geradores de calor ou congeladores.
Manipulação de nitrogênio líquido que tem temperatura aproximada de -160 graus Celsius o que pode em contato com a pele provocar queimaduras tão graves quanto o calor.
*Radiação também é um tipo de risco físico comum em laboratórios de pesquisa e ensino onde são manipuladas substâncias contendo radioisótopos como: I(131), I(125); P(32), P(33).
Entre outros emissores de radiação como: C(14), Cr(51), etc.
*Pressão: ficar em lugares com pressões diferentes requerem cuidados na pressurização e despressurização já que podem levar a surdez e à morte por embolia.
*60 decibéis é uma condição adequada para o trabalho, lugares com ruídos e vibrações maiores deve-se usar protetores auriculares.


- Riscos Biológicos:
* Como agentes infecciosos pela manipulação dele ou através do risco de contaminação na manipulação de materiais como sangue, urina, secreções, etc.
*A modificação de organismos geneticamente também está incluído como um risco biológicos que profissionais que trabalham com isso correm, assim como todo o meio ambiente.


- Riscos Químicos:
* Como substâncias tóxicas, irritantes, explosivas, etc.
*O descarte de agentes químicos.

- Riscos Ergonômicos:
Posturas de trabalho, *como bancos altos para bancadas baixas, pias muito baixas, repetição de movimentos como durante a pipetagem, etc.

- Riscos de Acidentes:
Podem ocorrer por desatenção ou descuido do manipulador, falta de manutenção de equipamentos, falta de capacitação do profissional, falta de instrução do empregador para o profissional, entre outros.


Para a prevenção de riscos as medidas mais comuns já designadas são: a utilização de EPI's como avental e luvas apropriados para a devida manipulação, máscara e óculos adequados quando necessário, entre outros.
Além de treinamentos contínuos aos profissionais e padronização dos procedimentos (prevenindo erros por variações do método, descuidos, esquecimentos, etc).


segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Determinação de Acididade


Efeito Tamanho do Raio Atômico sobre a Acidez


- Fila de Eletronegatividade:

F, O, N, Cl, Br, I, S, C, P, H.

(Para um bom entendimento de reações químicas, entender das teorias de ácido-base e consequentemente de eletronegatividade é indispensável, sendo um bom artifício para começar decorando essa fileira).

O Flúor sendo mais eletronegativo que o restante da família 7 A da qual ele faz parte, ele também é o que possui o raio atômico menor (pelo baixo número de camadas -duas- e elétrons).

Sendo assim com sua atração por cargas negativas devido ao seu núcleo (mais descoberto que os dos demais elementos da família 7A devido a tão poucas camadas de energia) faz ele, o flúor, conseguir atrair elétrons e ganhar carga negativa (virando ânion) facilmente.

Porém essa carga negativa que o Flúor capta não se estabiliza nele facilmente, exatamente por ele ser um átomo pequeno.
Então ele ficar um ânion que se liga muito facilmente a próton, para se estabilizar, devido a sua baixa estabilidade na forma de ânion, ele é considerado uma base conjugada forte do ácido fluorídrico que é fraco.

Como se sabe que bases fortes (com bastante tendência a se ligar a prótons) vêm de ácidos fracos, o ácido fluorídrico pode ser considerado um ácido fraco.

Então percebe-se que a força de um ácido pode ser determinada pela estabilidade da sua base conjugada.

Moléculas maiores, assim como átomos maiores, que têm mais espaco para dissipar essa carga, são mais estáveis quando estão carregados, do que os menores (isso só vale para átomos, se esses átomos forem da mesma família).

A questão é que, quando se diz que o flúor fica pouco estável com sua carga negativa é em comparação aos outros elementos da sua família, Família 7A:

F, Cl, Br, I.
(vamos excluir o At, ástato, por ser um elemento pouco usado).

Sendo assim percebe-se uma relação entre o tamanho e capacidade de estabilizar as cargas negativas.

 



Quando o Iodo que é o maior desse átomos, recebe uma carga negativa, ele se estabiliza mais facilmente com essa carga do que o Flúor.
Sendo mais fácil da sua ligação com o H se romper, precisando de menos energia para que ocorra o rompimento.
O que faz da sua ligacao H-I ser mais fraca que uma ligacao H-F.

Sendo assim o ácido iodídrico é um ácido mais forte e forma uma base com menor poder básico (pois é mais estável, tem menor tendência de se ligar aos prótons e quando liga forma uma ligação mais fraca) do que os outros elementos da família dele, a família 7A.

Isso é devido então a maior facilidade em ficar e se estabilizar com o elétron do Hidrogênio, liberando o próton.
Mais facilidade de romper a ligação H-I heterolíticamente (forma-se íons) do que o HF, ácido fluorídrico, tem.

(Pode-se levar como referência nesse caso um fato análogo, como a formação de carbocátions. Onde o carbocátion de carbono terciário se forma primeiro e mais facilmente do que em um carbono primário ou no do metano.

Por precisar de menos energia para romper a ligação C-H em um carbono terciário do que em um primário. E quando se rompe e forma-se um carbocátion, ele é mais estável do que um carbono primário -estabiliza melhor cargas adicionais-, pois tem mais grupos CH ligados a ele para onde dissipar a carga adicional).


Então pode-se estabelecer uma relação de tamanho do átomo e acidez, em uma mesma coluna (família).
Quanto maior o átomo da coluna, mais forte é o ácido que ele forma.

(Ácidos fortes, quer dizer, com maior tendência/facilidade em doar seu próton e ficar na forma de ânion.
Forma ânions estáveis).

Fazendo o ácido iodídrico, HI, o mais forte seguindo a ordem de acidez do maior para o menor:

HI > HBr > HCl > HF




*Ignore o "a gente vamo" e o "ácido floridrico"*


A força da ligação H-F é alta, pois o fluor só tem duas camadas e os elétrons ligantes são fortemente atraídos por ambos os núcleos, sendo presos na ligação mais fortemente.

- Por mais que a acidez aumente nessa ordem (de acordo com o aumento do tamanho desses átomos) não tem a ver com a maior polarização da ligação que deixa ela mais forte ou mais fraca, como acontece entre elementos de famílias diferentes, sendo que o que determinaria seria a fila de eletronegatividade, mas nesse caso de mesma coluna o que define a facilidade de romper a ligação com o próton é o aumento do tamanho do raio atômico.

Porque ligações polarizadas, que conseguem polarizar mais o átomo de hidrogênio, deixando-o longe de seu elétron e seu núcleo descoberto (ou seja, ligações com elementos eletronegativos) aumenta a acidez desse composto, pois mais fácil é para ele perder esse próton (no caso a ligação é mais fácil de romper).
Porém esse é um efeito que tem uma ação reciproca, pois com a alta atração por elétrons desses compostos faz com que a atração pelo próton também seja alta.


- Então é a capacidade deles se estabilizarem que influencia na força dessas ligações, mais do que a eletronegatividade.



No caso o HI é o ácido mais forte, pela sua capacidade em estabilizar-se mais facilmente (devido ao seu tamanho), consequentemente primeiro que os demais compostos formados por átomos da sua família, liberando mais rapidamente (com mais facilidade) o seu próton. 


* Esse efeito da estabilidade também se percebe quando se observa elementos do mesmo período, onde a estabilidade das bases (capacidade de ganhar a carga negativa mais rápido e ficar com ela) formadas pelos átomos aumenta da esquerda para a direita (nesse caso a eletronegatividade influenciando mais do que o tamanho).

Analisando assim o segundo período, percebe-se que um elemento mais eletronegativo como o flúor, suporta carga negativa mais facilmente do que o carbono (que está mais para a esquerda), sendo o flúor uma base mais estável, perdendo o hidrogênio antes que um carbono perderia.




  •  Regra Geral: Átomos maiores da mesma família são mais ácidos do que átomos menores.



Efeito Eletronegatividade


Como já foi dito acima, entre elementos de famílias diferentes o tamanho influencia menos do que a eletronegatividade.

Observando na tabela periódica sabe-se que ocorre aumento da eletronegatividade em um mesmo período (linha) da esquerda para a direita.
Percebe-se que com o aumento da eletronegatividade, aumenta-se também o poder de acidez do átomo.

Então o HF é mais ácido do que o CH4.






  • Regra Geral: Átomos mais para a direita em um mesmo período da tabela periódica são mais ácidos.

Por isso que a água na presença de amônia, age como ácido. Pois o oxigênio estabiliza cargas negativas melhor do que o N (são do mesmo período e o oxigênio fica mais à direita), agindo mais como ácido (ligando-se mais fracamente ao Hidrogênio, liberando o próton mais fácil) do que o nitrogênio.

A reação seria:

NH3 + H2O -> NH4+  + OH-

Porém a reação inversa também ocorreria simultaneamente, gerando um equilíbrio.
Onde o amônio passaria a agir como ácido e a hidroxila que é uma base muito forte (pela H2O ser um ácido fraco), bem mais forte que o poder de base do NH4+, ganharia o próton, sendo a base.

Mas a água sendo uma substância anfótera pode agir como base também, como acontece na presença do HF (F e O são do mesmo período, ficando o flúor mais a direita, sendo mais eletronegativo, polarizando mais a ligação com o H e rompendo-a mais facilmente).
Reagindo e ficando protonada.



Efeito Hibridização sobre a Acidez





Resumo:


A hibridização de orbitais e formação de múltiplas ligações causa variações na acididade de compostos orgânicos.

Então dependendo da hibridização do carbono, como em carbonos do etano, que têm hibridização sp3 formando somente 4 ligações simples é diferente sua força ácida em comparação ao eteno que tem hibridização sp2 (sobrando um orbital p para formar uma ligação pi) formando uma ligação dupla e diferente também do etino que tem hibridização sp, formando ligação tripla.

Então em ordem do mais ácido ao menos ácido será:
Etino > Eteno > Etano.


Diferença de acidez significa que o eteno tem maior capacidade de perder prótons (H+) para outros compostos do que o etano, por exemplo.


No vídeo explica o porquê ocorre essa diferenciação de acidez entre esses compostos dependendo da hibridização que seus átomos sofrem.


Isso ocorre devido a diferença na eletronegatividade desses compostos.

Relembrando: Eletronegatividade é a capacidade do átomo de manter elétrons próximos do núcleo.

Leia também: Como determinar eletronegatividade devido ao raio atômico.


Então dependendo do orbital que o átomo apresenta (sendo s ou p) fará com que esse átomo apresente elétrons mais próximos do núcleo.

Como o orbital s é uma esfera circulando o núcleo e o p é um lóbulo que se distancia do núcleo, um átomo que faz ligação através de seu orbital s mantém mais próximo de si os elétrons da ligação.


Durante a hibridização essa característica, semelhante a ação de átomos mais eletronegativos (que mantêm os elétrons próximos a eles), de ligações com orbital s se mistura com as características de orbitais p.

Porém átomos que mantiverem maior porcentagem das características do orbital s durante a hibridização, terão a maior eletronegatividade.

Então:
- Quando ocorre a mistura de um orbital s com só um orbital p, a característica s desse novo orbital sp é de 50%.

- Quando ocorre a mistura de um orbital s do átomo, com dois dos orbitais p dele.
Esse novo orbital que surge da mistura s, p e p; o orbital sp 2, terá 33% de caráter s somente.

- Quando ocorre a mistura do orbital s do átomo com os 3 outros orbitais p, formando um orbital de ligação sp3. 
Essas ligações terão somente 25% de caráter s, sendo bem menos eletronegativa (mantendo bem menos próximo os elétrons desse carbono) do que a ligação por orbital sp.

Então se o etino tem caráter s de 50%, age mais como eletronegativo do que outros compostos, ele mantém os elétrons das suas ligações com os hidrogênios mais próximos dele.
Quer dizer que ele terá capacidade maior de liberar prótons (H+) do que outros, pois irá atrair o elétron dos hidrogênios para mais longe do núcleo deles (do que outros compostos sp2 e sp3 que se ligarem ao hidrogênio irão), deixando a ligação mais polarizada e o núcleo do hidrogênio portanto mais descoberto.

Assim é fácil o hidrogênio polarizado positivamente se soltar por essa carga positiva dele ser atraída por outro composto (um composto básico (com pares de elétrons livres), mais básico que o etino -um que não polarizará tanto a ligação e que não consegue estabilizar tanto a carga negativa quanto o etino consegue-), deixando seu elétron no orbital sp do etino, por exemplo.

Caracterizando assim o etino como ácido, por liberar o H+ mais facilmente, por seus carbonos agirem como átomos mais eletronegativos.




  • Regra geral: Quanto mais ligações múltiplas o carbono fizer, mais ácido será o composto.






A estabilidade maior da carboxila ao perder o próton facilita para ela o rompimento dessa ligação em comparação a uma hidroxila.






Efeito Indutor



http://www.vestibulandia.com.br/forum/viewtopic.php?f=5&t=2512

É um efeito que também influencia muito na acidez.


Em uma molécula deve-se separar os radicais presentes nela e classificá-los por:

- Elétron-atraente: São radicais alquilas constituídos de ligações duplas e triplas ou com outros átomos, principalmente eletronegativos, que atraem os elétrons para sua região, distanciando-os de partes como carboxilas e hidroxilas (favorecendo a saída do H+ pelo aumento da polarização da ligação).

Como grupos elétron-atraentes atraem elétrons o efeito indutivo que eles causam é representado por I-. Efeito indutivo negativo.






- Elétron-repelente: São constituídos normalmente por grupos alquilas, radicais formados somente de ligações entre C e H. 
Eles repelem (empurram) elétrons para dentro da molécula, para a parte mais eletronegativa dela, dificultando saída de H+. 

Grupos elétrons-positivos são representados por I+, efeito indutivo positivo.


Sendo assim quanto mais grupos elétron-atraente mais ácido é o composto.
Quanto mais grupos elétron-repelente mais básico é o composto.
(em comparação a outro)


Nessa figura acima ocorre atração dos elétrons nessa direção:
<--- causada pelos átomos eletronegativos, polarizando mais a ligação do O com o hidrogênio.  

Então percebe-se que um ácido carboxílico, por exemplo o ácido metanoico é mais ácido do que um formado por um radical alquila maior, como por exemplo o ácido etanoico.

Por isso que ácidos carboxílicos de cadeias alquilas muito grandes são praticamente neutros. 
Pelo tamanho da cadeia de carbono (do grupo elétron-repelente) do radical diminui muito a acidez de ácidos monocarboxilicos.


* Álcoois com exceção de compostos como o fenol, são considerados neutros. 
Eles têm a hidroxila com a suposta capacidade de perder o próton, mas levando em consideração os álcoois como derivados de uma molécula de H2O que teve um H substituído por um grupo alquila (R-OH), esse ganho de grupo elétron-repelente só aumenta a basicidade do composto.
  

O fenol é exceção devido possuir um anel aromático. 
Por mais que tenha um radical formado só por C e H, ele é um radical elétron-atraente porque os anéis aromáticos são compostos por ligações duplas alternadas (ligações duplas, carbonos hibridizados em sp2, aumento da acidez).
Os anéis aromáticos também aumentam a acidez da molécula, como do fenol, pela ressonância que ocorre com seus pares de elétrons, que fazem o oxigênio (do OH do fenol) fazer três ligações em alguns momentos, dando uma carga parcial positiva a ele.
O que facilita a repulsão ao H+ e sua consequente liberação.
Ressonância que também irá facilitar a estabilização da base conjugada.

Por isso a ordem de acidez entre compostos orgânicos é:
Ácidos carboxílicos > fenóis > amida > álcoois > aminas

Sendo a amida considerada intraneutralizadas, os esteres e os álcoois também são considerados compostos neutros.





Compostos aromáticos com além de suas duplas ligações, aqueles que também possuírem NO2 (radical nitro) são muito ácidos. 

Porque o NO2 é um radical muito eletron-atraente, aumentando ainda mais o poder de acidez das moléculas. 

Radical NO2: 


- Ácido Pícrico:




As aminas secundárias possuem dois radicais alquilos ligados no nitrogênio, sendo esses grupamentos elétron-repelente, eles manterão a densidade de elétrons em cima do nitrogênio que já tem um par de elétrons livres, facilitando mais ainda a captação de H+ soltos.

Aumentando a basicidade do nitrogênio. Então as aminas secundárias são muito básicas.
Porém aminas terciárias seguindo essa lógica deveriam ser ainda mais básicas, no entanto observa-se que elas tem menor poder de basicidade do que até mesmo a amônio.

Sendo a ordem de basicidade:

Amina secundária > amina primária > NH3 > amina terciária

Porque com os 3 ligantes sendo grupos alquila, o impedimento estéreo é grande e dificulta para os prótons de se aproximarem do par de elétrons do nitrogênio.

Aminas aromáticas são bases fraquíssimas.


Efeito Mesomérico


É a atração ou repulsão de elétrons de ligações pi da cadeia.

Esse efeito ocorre da maneira que ocorre a ressonância, por isso está relacionado a ela, existindo no caso do efeito mesomérico um equilíbrio entre as duas formas e na ressonância pode-se desenhar as estruturas canônicas por exemplo do O3, ou do benzeno, mas essa são será a verdadeira forma da molécula na natureza.

* Estruturas canônicas do ácido nítrico:

 Estrutura real do ácido nítrico:

 
Quando a molécula possui algum grupo funcional com duplas ligações em átomos eletronegativos, como os abaixo:

Ela irá apresentar um efeito mesomérico negativo, pois os elétrons da dupla serão atraídos pelo átomo que faz a ligação, deixando o carbono positivo ou no caso no NO2 deixará o nitrogênio capaz de fazer mais uma ligação, diminuindo a densidade eletrônica ao longo da cadeia.


Exemplos de como acontece a atração negativando o átomo mais eletronegativo:



Existem grupos também que têm elétrons livres (sobrando) que são empurrados para a cadeia, aumentando a densidade eletrônica dela.

Grupos de átomos que tendem a dar seus elétrons livres causando a formação de ligações pi em um efeito ressonante, são:


Eles causam efeito mesomérico positivo que ocorre dessa forma:



Deixando o grupo substituinte do grupo alquila positivo (por terem cedido elétrons).

Então percebe-se que grupos de M- são grupos substituintes que possuem duplas em átomos com eletronegatividade suficiente para atrair esses elétrons da ligação pi (mais comumente será o O e o N).
 






quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Profissão Farmacêutica no Brasil

A prática em saúde e o seu saber estão diretamente relacionados a transformação dos processos de produção econômica.

E o seu saber não diz apenas respeito à transmissão de conhecimento aos futuros profissionais e em como suas grades curriculares são formadas.
Mas também diz respeito à geração de novo conhecimento que depende diretamente do contexto e interesses da realidade dessa sociedade em que são concebidos.

Assim no curso da sociedade atual a lógica mercadológica acaba sendo inserida cada vez mais em todas as profissões da área da saúde, substituindo o seu papel social, porém essa substituição pode ser sentida com maior intensidade no setor farmacêutico.

Nesse contexto vê-se que o profissional farmacêutico com o tempo sofreu radicais modificações na forma do ensino de sua profissão.

Isso levou durante esses 180 anos de ensino farmacêutico no Brasil (de 1832-2012) à uma descaracterização do que o profissional farmacêutico era anteriormente.
Principalmente devido a essas mudanças, na formação desse profissional ao longo desse tempo, terem tido pouco interesse no papel social da área e somente sendo guiadas pelo o que a demanda da indústria e do mercado estavam requisitando.

Porém em busca de conseguir de volta o reconhecimento social da profissão, surgiu à sociedade farmacêutica organizada questionamentos como a origem histórica e definição de identidade.
Percebe-se que daí surgiu inclusive a importância que se dá a determinar como objeto da ciência farmacêutica o medicamento.

 
Essas perguntas também levaram atualmente a uma luta para promover mudanças necessárias para uma assistência farmacêutica mais consciente e digna, que se preocupe com a utilização do fármaco e com os pacientes que o usam, na tentativa de restaurar o papel social do farmacêutico.
Lutando pela divulgação do uso racional do medicamento e da implementação de programas como o de genéricos rompendo com o monopólio de marcas sobre os pacientes/consumidores.

Com o objetivo de que a classe contraponha-se assim à mercadização desmedida e expandindo a possibilidade de acesso da população ao medicamento, informação e assistência.
Garantindo uma maior equidade e universalidade da promoção da saúde.



Observa-se também que o objetivo atual do cuidado com a formação de novos profissionais farmacêuticos está sendo buscado não só para um maior reconhecimento social da profissão, mas também pela necessidade de uma maior preparação dos profissionais da saúde para atenderem melhor as diretrizes básicas do Sistema Único de Saúde.


Texto baseado no livro:
Profissão Farmacêutica no Brasil: História, Ideologia e Ensino. 

De Manuel Roberto da Cruz Santos.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Forma Farmacêutica - Pós


Pós


São misturas homogêneas e secas de fármaco mais excipiente, finamente obtidas, que podem ser de uso interno (pós orais) ou externo (pós tópicos).

A redução do tamanho das partículas (o finamento delas) pode ocorrer inicialmente por pulverização que é reduzir um material ao pó e por trituração que é diminuir o tamanho das partículas.

O Gral e o Pistilo usado para esses dois processos, pode ser de vidro, onde a superfície do gral é mais lisa, ou de porcelana com a superfície mais áspera.
Porém pode ocorrer sorção das substâncias no gral de porcelana, impregnando a cor e odor nele, principalmente com fórmulas que contêm corante e cheiro forte.
 


 * Uma forma farmacêutica é considerada de uso interno quando é administrada por via oral, portanto o uso externo é qualquer outra forma de administração como via retal com supositório, e etc.




Vantagens


- Permite seguir precisamente a prescrição, fazendo fórmulas individuais com doses ajustáveis.

O pote com pó para múltiplas doses é pouco exato, mas envelopes e flaconetes embalando a quantidade exata de cada dose é uma forma farmacêutica muito mais precisa.


- O tamanho reduzido das partículas na forma de pó, permite que a dissolução seja mais rápida.

Em caso de pós com tamanho de partículas diferentes, pode-se passar eles pelo tamis que irá resultar em um tamanho de partícula parecido entre eles, facilitando assim a homogenização.
 
 


(As partículas reduzidas igualmente facilitam a preparação de um pó mais homogêneo se essa tenuidade -uniformidade- for adequada entre essas partículas). 

Pois uma das características necessárias para que ocorra boa homogenização é tamanho, formato e densidade semelhantes.


* Tamis:
é uma espécie de peneira que permite selecionar o tamanho das partículas dos pós que serão formados, pois existem diversos números de tamis com fendas (buracos da peneira) de tamanhos diferentes.

Depois de tamisar os pós, deve-se triturá-los procurando obter a homogenização na redução ainda maior de todas as partículas igualmente, em um gral com pistilo.


- Menor
incidência de irritação gástrica, quando comparado a sólidos compactos onde tem que haver desagregação para depois haver dissolução do fármaco e finalmente poder haver absorção.

Cápsula com pós dentro é uma forma farmacêutica onde o pó é intermediário, em contato com o meio interno a cápsula intumesce e o pó é liberado e dissolvido.

Mas pó como forma farmacêutica é administrado como solução, de água com o pó dissolvido.


Podem ser também dissolvidos para administração em sondas gástricas.


- A aplicação de pós tópicos aumenta a velocidade de absorção e ação, em comparação a outras formas farmacêuticas de uso tópico, pelo aumento da superfície de contato do fármaco com a pele.




Desvantagens



- Drogas veiculadas nesta forma podem deteriorar quando expostas às condições atmosféricas.

Por isso têm que ter material de embalagem e serem embalados corretamente, evitando a deterioração da fórmula.


- Substâncias com sabores desagradáveis normalmente não são fáceis de mascarar



Diluição Geométrica



Boas homogenizações de pós podem ser conseguidas pela técnica de diluição geométrica que é usada principalmente quando irá se misturar uma pequena quantidade de um certo pó (normalmente um fármaco muito potente e por isso tem que ser usado em baixas quantidades), com uma grande quantidade de um outro.



A técnica baseia-se em um aumento geométrico da quantidade do pó diluente a ser misturado no fármaco.
Primeiro mistura-se por exemplo 1 mg do fármaco com 1 mg do diluente, depois mistura-se esses 2 mg formados com mais 2 mg do diluente e assim por diante. 


Tipos de Pós

* Os pós podem formar:

- Mistura Eutética: Onde duas substâncias são sólidas a temperatura ambiente (dois pós) quando estão separadas, mas se forem misturadas nas mesmas condições, solubilizam-se (ficando semi-líquida).



Exemplo é a cânfora e o mentol quando misturados formam um mistura eutética.


- Pós Higroscópicos: São pós que absorvem umidade.




- Pós Deliquescentes: Pós que se liquefazem totalmente ou parcialmente.



- Pós Eflorescentes: Liberam água de hidratação ou de cristalização ficando pastosos.


Para evitar que essas propriedades dos pós atrapalhem a preparação da forma farmacêutica adiciona-se pós como o Aerosil ou talco que são absorvente, absorvendo umidade residual.

Análise de um Xarope


Xarope 


É uma preparação que possui como veículo água + sacarose.

Sacarose serve como espessante para a formulação. A água é o diluente. 

Os dois juntos formam o veículo que é o xarope, ao xarope se adiciona as outras substâncias.

A importância de se ter como veículo um xarope e não água simplesmente, é que assim consegue-se um meio mais espesso, diminuindo o perigo de decantação e formando uma solução mais doce, favorecendo a adesão do tratamento por crianças.
 

Xarope de Guaco Dietético



 Não utiliza sacarose, por isso é necessário o uso de espessantes.


- Tintura de Guaco: Possui 1 parte de extrato de Guaco para 5 partes do solvente, possivelmente álcool que é a substância utilizada para fabricação de tinturas de uso farmacêutico.

É a substância que contem o princípio ativo.


- BHA (Butil-hidroxi-anisol):
Antioxidante primário, agindo inativando radicais livres por cederem a eles um próton da hidroxila de sua estrutura.


- PVP: Poli-vinil-pirrolidona
é um polímero formado pela condensação de moléculas vinil-pirrolidona.

Percebe-se na fórmula do vinil-pirrolidona abaixo a presença do grupamento vinil, que é um derivado do hidrocarboneto eteno, pela retirada de um hidrogênio do eteno e substituição do mesmo por um radical, no caso um grupamento amida cíclico.



O PVP é solúvel em água.
Tem fórmula molecular: C6H9NO.






PVP ao contrário de seu monômero não é tóxico e é usado como espessante que aumenta a viscosidade da preparação.

Porém acima de 500 ppm não pode ser utilizado em para preparações de uso oral (tóxico para a mucosa do tubo gastrointestinal).
No entanto acima desse valor pode ser utilizado em cosméticos e preparações de aplicação IV (intravascular).


- CMC Na: Carboxi-Metil-Celulose sódica.


Muito solúvel em água, é obtido industrialmente a partir de uma reação de suspensão de celulose, com hidróxido de sódio e ácido monocloroacético.





Sal da carboxi-metil-celulose é formado por ligações do ânion que a celulose se torna com a perda de prótons e no local negativo também as moléculas de celulose passam a conter grupos CH2COOH que é o grupo carboximetila que ficarão distribuídos pela cadeia do polímero de celulose que a carboximetil celulose sódica é formada.





Essa distribuição do grupo carboximetila e a quantidade de hidroxilas substituídas por outras unidades de D-glicopiranosil formando a cadeia polimérica, são características importantes que influenciam muito na forma como essa substância irá se comportar em solução (que tipo de fluido -reologia-).

Então a cadeia polimérica forma fibras de celuloses ligadas. Essas fibras se entumescem com a entrada de água (água ligada ao fármaco, fazendo que o fármaco inclusive se ligue também a essas fibras de celulose).

São fibras muito resistentes agindo como espessante, então também aumentando a viscosidade da preparação.


- HPMC: Hidroxi-propil-metil-celulose.


Quando em solução tem característica viscoelástica.
Usado como espessante aumentando a viscosidade como o CMC.

Fluidos viscoelásticos.

- Aroma de Hortelã:
Flavorizante.


- Corante Amarelo Crepúsculo:
Corante.

A principal diferença entre corante e pigmento é que corante não transfere cor do produto para outro local, sendo a substância solúvel em água.

O pigmento transfere cor, sendo a substância insolúvel em água.

Então por exemplo o esmalte, a tintura de cabelo, utilizam pigmentos.
Já bebidas como suco de laranja ou de morango que têm cor, mas não tingem outros locais com a sua cor são preparações que possuem corantes.


- Corante Azul Brilhante:
Corante.


- Sacarina Sódica:
Além de servir como diluente e espessante da preparação a sacarina como a sacarose também é um edulcorante.

Conferindo gosto doce à solução.

A sacarina é cerca de 300 vezes mais doce que a sacarose.

Sacarina:


Sacarina Sódica:



Sacarose (glicose ligada em uma frutose por uma ligação alfa-1,2):





- Água:
Diluente. Formando junto com a sacarina o veículo que caracteriza a preparação como xarope.


- Ciclamato de sódio:
É um edulcorante usado para conferir sabor doce à preparação.

É usado em sinergia com a sacarina, para não ter que usar grande quantidade de nenhum dos dois, pois o ciclamato pode ser cancerígeno.



Ter na estrutura uma forma triangular caracteriza substâncias doces.


- Ácido Cítrico:
Acidificante.

Possui 3 grupos carboxílicos, podendo perder seus prótons.


- Citrato de sódio:
Tamponante.

Citrato é uma base conjugada de um ácido fraco.
Se o ácido perdeu seus prótons e deu origem a uma base e esse ácido era fraco, a base formada será forte, por ter uma grande tendência a se ligar a prótons e restaurar o ácido fraco e estável (com dificuldade de perder seus prótons) que era antes.





Caracterizando assim o sal necessário para fazer a solução tampão na preparação.

Pois um tampão é formado pela mistura de um ácido fraco (no caso o ácido cítrico) com um sal contendo sua base conjugada (citrato de sódio).