domingo, 12 de agosto de 2012

Análise de uma Solução Oral


Solução Oral


É uma solução que possui apenas água como veículo.


- Cloridrato de Fluoxetina:
Princípio ativo. (Inibidor seletivo da recaptação da serotonina - Sendo utilizado então como antidepressivo).






- B-ciclodextrina:
É um oligossacarídeo formado por um anel com sete D-glicoses (alfa-D-glicopiranose).


 

São obtidos pela degradação enzimática do amido pela amilase da bactéria Bacillus macerans.

No entanto podem surgir outras ciclodextrinas, com quantidades diferentes de glicoses no anel.
Possuem hidroxilas que fazem da substância solúvel em água.
Porém no interior do anel possuem um caráter hidrofóbico, inclusive pela ligação éter que se forma entre as moléculas de glicose formando um polímero em forma de um tronco de cone.









Com essas características essa substância é capaz de complexar (envolver) diversas moléculas que não conseguiriam se misturar com a água, possibilitando a solubilidade de compostos hidrofóbicos.

Sendo assim percebe-se a utilização da beta-ciclodextrina tem como objetivo solubilização de fármacos difíceis de diluir em água e fabricar no caso a solução oral.



Nessa figura observa-se os oxigênios em vermelho, as hidroxilas por eles formadas ao redor e os oxigênios das ligações de eterificação no meio.
A beta-ciclodextrina é encontrada para venda como um pó branco cristalino, inodoro e ligeiramente doce.

Depois que complexa a molécula, a CD impede a ação de moléculas de oxigênio sobre o fármaco no caso, sendo dessa forma também antioxidante, mantendo a estabilidade da solução por mais tempo.

Sabe-se que o oxigênio atmosférico é o maior agente causador de oxidação de ácidos graxos (grandes cadeias de carbono não ramificadas com um grupo carboxila na ponta).

- BHA: Butil-hidroxi-anisol é um composto aromático muito utilizado para impedir a ação de radicais livres que causam reações de oxidação (perda de elétrons) nos componentes presentes na solução, mantendo a estabilidade do produto por mais tempo.

*Nota: Percebe-se que compostos que possuem um oxigênio fazendo dupla em um carbono foi oxidado tendo sido, o hidrogênio que ligava o oxigênio, retirado, levando elétron da molécula.
Então a formação de mais ligações com o oxigênio indica processo de oxidação.

Outro antioxidante como o BHA é o BHT que é o butil-hidroxi-tolueno. Eles têm a característica de serem uma substância sintética com no mínimo uma hidroxila.

O BHA é formado por uma mistura de seus isômeros: 2-terc-butil-hidroxi-anisol e 3-terc-butil-hidroxi-anisol.


São considerados antioxidantes primários devido ao seu mecanismo de ação, são compostos fenólicos que promovem ou a remoção ou a inativação dos radicais livres.

O BHA e BHT fazem a inativação desses radicais pela doação de um próton (H+), interrompendo assim sua reação em cadeia.

Esses compostos tem a possibilidade de fazer isso devido a formação nele de um radical inerte (com a perda do H+) que se estabiliza por ressonância e não tem a capacidade de iniciar e propagar uma cadeia de reações oxidativas.

Percebe-se aí a ocorrência de uma reação de ácido-base, onde o BHA doa próton e o radical o recebe, então o radical terá que ser uma base de Bronsted/Lowry mais forte que o radical de BHA que irá se formar.
Permanecendo com o próton (ácido mais fraco que o BHA).

Por isso o BHA é um bom antioxidante da supressão da oxidação em gorduras animais (ácidos graxos de cadeia curta), tendo atividade limitada para prevenir a oxidação de óleos vegetais insaturados.

Também têm (como o BHT) baixa estabilidade frente a elevadas temperaturas. O BHA e BHT podem agir como sinergistas entre si, por isso muitas vezes são usados juntos.
Com o BHT regenerando o BHA (que tem mais facilidade em agir também como sequestrante de radicais peróxidos -Oxigênios com o estado de oxidação -1, muito conhecido dos peróxidos é o H2O2).

Estrutura do butil-hidroxi-tolueno:



- EDTA: Ácido-etileno-diamino-tetra-acético.

Além dos antioxidantes primários existem antioxidantes que impedem a ação de radicais pelo sequestro deles.
Há compostos que removem os oxigênios do meio (da solução) pela captura deles formando ligações mais estáveis, impedindo que formem radicais e comecem uma cadeia de auto-oxidação. 

A partir desse conceito existem substâncias que têm a capacidade de remover oxigênio ou compostos altamente reativos do sistema em questão.

O EDTA é uma dessas substâncias chamado de agente quelante pelo seu poder de sequestrar, por complexação, íons metálicos.



Isso não só é importante para evitar a contaminação do usuário com metais (muitas vezes presentes na água que será utilizada como veículo -solução oral), mas também para evitar que cobre e ferro, dois metais que catalisam reações de oxidação (lipídica principalmente), possam agir, mantendo a estabilidade do produto por mais tempo.

O ácido cítrico e seus sais também têm essa ação quelante que existe nesses compostos (tanto no ácido cítrico como no EDTA) por possuírem um par de elétrons livres (par de elétrons não compartilhado) que lhes permite complexar metais (cargas positivas).

Ácido Cítrico:


EDTA agindo como quelante complexando um átomo metálico:


Percebe-se que a grande quantidade de grupos ácidos carboxílicos juntos favorece a essas substâncias a complexar essas cargas positivas, pois agindo como ácidos liberam o próton e permanecem COO- com o grupo carboxila desprotonado.


O EDTA não poderia ser utilizado em formulações que contenham componentes que possuem metais, pois o EDTA iria complexá-los e impedir a ação da substância, estragando a formulação.


- Metilparabeno: Parabenos são substâncias usadas como conservantes principalmente pela indústria cosmética.

Existem diversos tipos de parabenos:
Metilparabeno, etilparabeno, propilparabeno, butilparabeno.

O Metilparabeno é o mais polar entre eles, por ser o menor (com cadeia carbônica menor), sendo então o mais solúvel em água (mesmo que sua solubilidade em água ainda seja pequena, sendo maior em outros veículos polares como álcool (etanol), acetona, éter etílico; -compostos com cadeias de carbono e baixa polaridade-).  


Já no caso do propilparabeno por exemplo, ele é muito usado como conservante em substâncias oleosas, por sua menor polaridade (devido a sua cadeia carbônica ser maior -possuir o grupo propil-).



Percebe-se na sua estrutura o aumento de cadeia carbônica pela esterificação do ácido hidroxibenzoico, formando um éster propílico (no lugar da carboxila).

Conservantes são substâncias que podem ser colocados em produtos inclusive que serão ingeridos (então não podem ser tóxicos) e que impedem o crescimento e desenvolvimento de micro-organismos que poderão causar estragos aos componentes do produto.

O metilparabeno é encontrado em amoras atuando também como antimicrobiano e o que faz os parabenos serem muito utilizados como conservantes é a baixa eficácia de outras alternativas naturais.


- Aroma de Morango: É um flavorizante, um agente que promove odor e sabor à solução.

Uma substância não tem sabor se ela não for volátil, então com a mastigação (normalmente é necessária para liberar as partículas, mas nesse caso a simples ingestão (por ser líquido) permite a volatilização da substância dentro da boca) partículas do aroma de morango são soltas e volatilizam passando pelo palato mole, onde tem sobre ele terminações nervosas gustativas, permitindo senti o gosto de morango.

Porém não se pode classificar uma substância descrita somente por "aroma de morango" como edulcorante, pois edulcorante é necessariamente uma substância de sabor doce.


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