quarta-feira, 30 de maio de 2012

Avaliação da Função Hepática


Anatomia e Fisiologia do Fígado


O fígado é constituído principalmente por dois lobos, a veia porta, canalículos e ductos biliares e a vesícula biliar.


Principal local de metabolização e biotransformação de substâncias pela grande diversidade de enzimas.

 

*Funções:

Produz a bile que faz a digestão de gorduras através da degradação dos lipídios permitindo que eles fiquem suspensos, promovendo sua emulsão.
Separando-os em partículas menores permitindo a ação das lipases pancreáticas.

Também tem a função de síntese proteica, como proteínas plasmáticas como a albumina que é produzida exclusivamente no fígado (a albumina mantém a osmolaridade do sangue - mantém a pressão coloidosmótica - fazendo ficar no sangue o máximo possível de líquidos extracelulares, devido ao aumento da concentração pela retenção de substâncias que se ligam a albumina para transporte).

É no fígado também que começa o processo de coagulação, nele são fabricados os chamados fatores da coagulação que dão início a cascata até formação das fibrinas e aglomeração formando o coágulo.

O fígado também promove o metabolismo de carboidrato, proteínas e lipídios, pelos processos de glicogênese/glicogenólise (formação/quebra do glicogênio) e gliconeogênese (fabricação de glicose a partir de lipídios e proteínas) que ocorre no fígado.

Faz a síntese de ureia, que é o produto final da degradação de proteínas.

Os aminoácidos tem o grupo NH3, amônia, quebrado de sua estrutura e devido a sua toxidade é transformada em ureia pelo fígado.

Metaboliza drogas
e substâncias tóxicas que passam por ele, (desintoxicando o corpo) com o objetivo de eliminá-las.



Bilirrubinas


Produto da degradação da hemoglobina e mioglobina.
80% das bilirrubinas provêm das hemoglobinas degradadas e os outros 20% da mioglobina.



Uma das principais funções do baço é retirar do sangue as hemácias velhas (com + de 90 dias) da circulação.


Quando uma hemácia está velha e é então degradada ela é separada em duas partes: 

- Parte proteica que contém a formação da globina por aminoácidos.

- Parte não proteica que é o grupo heme, formado por uns aminoácidos ligados ao ferro.





* A parte que da origem às bilirrubinas é a parte não proteica:



O grupo Heme é transformado por enzimas em protoporfirina, que é transformada em Biliverdina.


Essa Biliverdina é transformada finalmente então em bilirrubina, mas essa bilirrubina inicial que ela vira é chamada de bilirrubina não conjugada ou bilirrubina indireta.


A bilirrubina não conjugada é lipossolúvel e precisa se ligar a albumina para se locomover pelo sangue.



Bilirrubina Indireta




A albumina transporta a bilirrubina indireta logo depois de sua formação pela degradação das hemácias e quebra do grupo Heme que deu sua origem, levando-a até o fígado.


Nos hepatócitos os carreadores de membrana de Na+, transportam essa bilirrubina indireta para dentro deles.


A bilirrubina indireta vai para o retículo endoplasmático e ocorre conjugação dela, deixando-a mais hidrossolúvel e passa a ser chamada de bilirrubina direta ou conjugada.


A conjugação da bilirrubina indireta é feita por uma enzima chamada U.D.P. glicuromil transferase.



Bilirrubina Direta




Ela é lançada pelo fígado nos canalículos e ductos biliares, sendo armazenada na bile junto com a bile, para ser futuramente excretada junto com ela, indo ao duodeno pelo ducto colédoco

Chegando na ampola de Vater antes de entrar no duodeno, onde se une ao suco pancreático.


Através de transformação bacteriana no duodeno a bilirrubina direta pode ser transformada em:

- Extercobilina:

80% da bilirrubina direta se transforma em extercobilina.

Tem cor marrom e sai junto com o bolo fecal.


- Urobilinogênio:

20 % da bilirrubina é transformada em urobilinogênio.

Ele é reabsorvido para o sangue e é eliminado pelo rim.
Tem cor amarela.


Icterícias


São caracterizadas pelo acumulo de bilirrubina o que deixa a coloração das mucosas amarelada e da esclerótica (parte branca do olho).

Ocorre principalmente por insuficiência hepática, ocorre então baixa metabolização de bilirrubina indireta em direta.

A bilirrubina, tanto direta quanto indireta, têm alta toxidade para o sistema nervoso central, inibindo o metabolismo oxidativo (ou seja a produção de ATP pelas células).


* Causas da icterícia:

  • Icterícia Pré-hepática:
Aumenta a quantidade de Bilirrubina Indireta.

- Desequilíbrio entre produção e excreção.


Produção excessiva de bilirrubinas por alta quantidade de hemólise.

Como na anemia hemolítica onde há grande liberação de hemoglobina e sua quebra aumenta a quantidade de bilirrubina indireta.




- Redução da captação hepática:


Devido a medicação, como rifampicina, que diminui a captação de bilirrubina pelo fígado, fazendo aumentar assim a quantidade de bilirrubina indireta, pois não é metabolizada para que possa ser excretada.




- Alteração nos carreadores:


Como ocorre na síndrome de Gilbert, os carreadores de Na+ dos hepatócitos tem sua conformação mudada e não conseguem transportar a bilirrubina para dentro dos hepatócitos.

  • Icterícia Intra-hepática:
 - Comprometimento da conjugação:


Como em recém nascidos, pois não tem ainda um amadurecimento do fígado e os hepatócitos acabam tendo baixa função, baixa conversão.
Pode levar em casos mais graves a Kernicterus: que é o aumento de bilirrubina indireta que leva a passagem dela para o sistema nervoso e fixação, consegue atravessar a bainha de mielina.

Por isso é importante para recém nascidos tomar banho de sol/luz (além de transformação de vitamina D para absorção devida de cálcio), pois a bilirrubina tem sensibilidade a luz U.V. e é então degradada.




- Na síndrome de Crigler-Najjar ocorre defeito na enzima que metaboliza a bilirrubina não conjugada, na U.D.P. glicuromil transferase.


- Devido a hepatites, pois ocorre diminuição da quantidade de hepatócitos, portanto há diminuição da conjugação.



  • Icterícia Pós-hepática:
 - Hiperbilirrubinemia conjugada:


Obstrução de canalículos e ductos biliares que liberam a bilirrubina direta do fígado para a bile, então essa bilirrubina volta para o fígado e segue para a circulação sanguínea, aumentando sua concentração nela.


Porém pela sua alta hidrossolubilidade é eliminada pelo rim.



- Síndrome de Dubin-Johnson:

Defeito nos canalículos que levam a bilirrubina direta do fígado para a bile.



Enzimas Hepáticas


Podem ser usadas como marcadores para lesões hepatocelulares.


Transaminases


- ALT (alanina transaminase) ou TGP (transaminase glutâmico pirúvica):

Encontradas com mais abundância no citoplasma dos hepatócitos.

Em casos de hepatite e perda de hepatócitos essa enzima ALT, consegue sair dos hepatócitos para a corrente sanguínea.

Específica do fígado.



- AST (aspartato transaminase) ou TGO (transaminase glutâmica oxalacética):


Encontrada em células de diversos tecidos como: fígado, coração, músculo esquelético e hemácias.


É um marcador de lesão crônica tanto hepática quanto pancreática, indicando alguma hepatite (inflamação no fígado) ou pancreatite.




O complexo citocromo P450 que é um conjunto de enzimas hepáticas que metabolizam diversas substâncias inclusive o álcool. 
Álcool em excesso pode causar lesões no fígado então haverá maior liberação de AST.


Quando alguém está tomando um medicamente de alta toxidade hepática é importante fazer exames de ALT e AST para monitorar se houve lesão hepática.

* Quantidade de ALT > AST: Lesão aguda.
* Quantidade de AST > ALT: Lesão crônica.



Gama Glutamil Transferase (GGT)




É uma enzima encontrada nos canalículos e ductos no fígado e em menor quantidade no rim.


Indica lesão hepatocelular, que pode ser causada devido álcool.  
Aumenta a quantidade dessa enzima em hepatite alcoólica.

Melhor correlação com obstrução, pois "pedra" na vesícula biliar aumenta a quantidade de Gama Glutamil Transferase.


Essa obstrução também pode levar a um aumento de bilirrubina direta no fígado e ela em excesso pode impedir que mais bilirrubina indireta seja conjugada, aumentando finalmente a concentração das duas bilirrubinas.


O aumento da bilirrubina direta no sangue leva a um aumento da atividade renal, pois tem que ser eliminada por ele e devido ter que ser filtrada no rim ele pode sofrer lesão.




Em casos de cirrose não há aumento de enzimas no sangue ou se há pouco, é uma fase onde já é o final da lesão e a cicatrização, se não já está, está quase, completa.





Fosfatase Alcalina (FAL)




Varia com idade e sexo. 


Essa enzima aumenta a quantidade em crianção quando estão tendo desenvolvimento ósseo.


Tem relação com obstrução de canalículos e ductos do fígado e função óssea (pois é encontrada também nos ossos, além dos canalículos hepáticos).
Assim sua quantidade é encontrada aumentada.





Outros Exames




O exame de proteínas totais no sangue, analisa a quantidade de proteínas como albumina que é produzida exclusivamente pelo fígado, podendo assim indicar hepatites.

Perfil Proteico




A diminuição da albumina pode indicar: 

- Perda na urina, 

- Doença hepática (hepatites - inflamação), 

- Deficiência genética ou 

- Caso de inflamação.




No exame de proteínas totais, quantifica albumina mais globulina.




* Um aumento da Globulina e diminuição da Albumina indica quadro inflamatório.

Aumento de globulinas também pode ocorrer por desidratação.

* Diminuição de globulinas pode ocorrer por desnutrição por baixa produção dessa proteína por falta de nutrientes.





domingo, 27 de maio de 2012

Diagnóstico do Diabetes Mellitus


Diabetes Mellitus: Doença metabólica caracterizada por hiperglicemia.


Pode ocorrer por defeito na Ação da Insulina ou na Secreção da Insulina.






Classificação



* Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1)


- Imunomediado
- 5 a 10 % dos casos
- Ocorre destruição das células beta nas ilhotas pancreáticas (células que secretam insulina).


* Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2)

- 80 a 90 % dos casos
- Existência de graus variáveis de resistência dos receptores à insulina
- Ocorre defeito na ação da insulina ou produção insuficiente pelo pâncreas.
- É desencadeada por fatores ambientais e/ou genéticos
- Principalmente em pessoas acima de 30 anos.


* Diabetes Gestacional


- Estado de baixa tolerância a glicose e essa baixa tolerância é diagnosticada pela primeira vez durante a gravidez.
- Essa resistência à insulina pode ou não persistir depois da gravidez.
- Causa macrossomia fetal:

Macrossomia fetal
é caracterizada pelo excesso de peso em recém-nascidos. Normalmente causada por picos intermitentes de hiperglicemia na mãe, que estimulam a liberação de insulina e hormônio de crescimento (GH) pelo feto, fazendo com que haja crescimento fetal e deposição de gordura e glicogênio.

- Aborto de repetição:
Aborto espontâneo caracterizado pela perda da gestação em até 20 semanas e peso menor que meio quilo.




Patogenia



Como que a doença é desencadeada:

* DM 1:


- Suscetibilidade genética:
Genes ligados ao HLA (Antígenos Leucocitários Humanos - proteínas que se localizam na superfície de todas as células do organismo), o sistema imunológico passa a reconhecer o HLA das células do pâncreas como antígeno.
- Infecção viral: Mimetismo molecular (característica semelhante entre moléculas que faz o corpo confundi-las. Nesse caso é entre vírus e antígenos de superfície das células pancreáticas), esse mimetismo pode desencadear a doença em algumas pessoas.


* DM 2:

- Predisposição genética:
Defeitos nas células beta (ocasionando produção insuficiente de insulina).
- Fatores ambientais: Obesidade e utilização inadequada de glicose, que acaba gerando resistência insulínica (os seus receptores passam a ficar resistentes, não sendo mais ativados por ela).




Resistência Insulínica



Mudança na conformação dos receptores (GLUT) devido maus hábitos alimentares ou ação do GH e glucagon.
Normalmente essa mudança na conformação fica presente vários anos antes da pessoa começar a apresentar hiperglicemia.


* Fatores de risco DM 2:


Fatores que podem levar a desenvolver/desencadear diabetes mellitus tipo 2, desencadear a resistência dos GLUT's à insulina:

- Obesidade/excesso de peso.
- Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS).
- HDL baixa
- Idade acima de 45 anos
- Sedentarismo


O estado de hiperglicemia além de levar a resistência insulínica pode resultar na exaustão das células beta.

O Aumento da glicemia pode levar a glicosúria, além de lesão glomerular
.


O exercício físico constante é importante pois nos músculos esqueléticos (como também no sistema nervoso central e hemácias) não depende de insulina para entrada de glicose nas células.
Essas células teriam uma necessidade maior de glicose fazendo com que ela saísse do sangue para as células musculares diminuindo a glicemia normalmente sem necessidade de ação da insulina.




Insulina



Hormônio proteico fabricado a partir da clivagem da proinsulina, forma de armazenamento. 

É formada por ligações de cadeias beta e alfa e quando clivada liberando a insulina, libera-se o peptídio C.

O peptídio C então é o marcador de liberação de insulina
, quanto mais peptídio C maior foi a liberação de insulina.


O armazenamento da insulina como pró-hormônio é muito importante, pois ela fica pronta só esperando a clivagem para ser liberada. 

Podendo assim ser liberada de uma vez, em grande pico.

Mas depois de 10 minutos que a pessoa comeu e a glicemia já abaixou um pouco, o nível de liberação e de quantidade de insulina no sangue cai e ela passa a ser liberada lentamente e prolongadamente.

Depois de duas horas a insulina tem que voltar ao nível que fica quando não há ingestão de glicose.



A medição de peptídio C então indica se houve grande liberação de insulina, se ele estiver alto e a glicose também é provável um caso de resistência insulínica.
Mas se o nível de peptídio C estiver baixo, depois de uma alimentação, e a glicemia também, indica a utilização de insulina exógena.




Diagnóstico


* Clínico:


- Poliúria (aumento do volume urinário. Polaciuria = Aumento da frequência urinária),
- Polifagia (fome excessiva),
- Polidipsia (sensação de sede em demasia),
- Perda de peso (pouca entrada de glicose nas células),
- Irritabilidade.


* Laboratorial:


Medição da glicemia em jejum (jejum é de 8 a 12 horas).

Para exames de glicemia por coleta de sangue é feito com tubo de tampa cinza que possui oxalato de potássio e fluoreto de sódio que são anticoagulantes e inibidores de glicólise, mantendo os níveis de glicose no sangue.
Pela utilização de anticoagulante se tem como produto o plasma que será analisado.

Resultados:


- Normal = 70 a 99 mg de glicose por dl de sangue.

- Intolerância à glicose: de 100 a 125 mg/dl de sangue.


- Diabetes: maior que 126 mg/dl duas vezes seguidas.




Teste de Tolerância à Glicose (TTOG)


Caso o exame de glicemia der a quantidade de glicose aumentada, mas o valor foi entre 100 a 125 mg/dl esse exame é indicado para confirmar ou não uma doença.

Paciente tem que manter a dieta normal durante 3 dias até o dia do exame, no dia do exame tem-se que fazer jejum de 8 a 12 horas sem comer (quantidade de ingestão de água normal) e repouso durante esse dia (sem exercícios físicos).

- Colhe-se uma amostra de sangue em jejum.

- Administra-se 75 gramas de Dextrose ao paciente.

- Colher amostras de 30, 60, 90 e 120 minutos depois da administração para analisar o pico glicêmico e a velocidade e quantidade da entrada dessa glicose nas células.

Em 60 minutos tem que ocorrer o pico de glicemia e em 120 minutos tem que voltar a abaixo de 140 mg/dl.


Resultados:


Havendo 120 a 140 a pessoa está com intolerância a glicose.

Havendo entre 140 a 200 mg/dl de glicose no sangue, indica diabetes.



Controle Glicêmico/ Complicações


Complicações como:

Glicação de proteínas:
glicose tende a se ligar a proteínas, essa ligação pode ser em baixo nível (sem depender de enzimas) ou pode ocorrer por mediação de enzimas fazendo uma ligação irreversível.
 

Exemplos:

* Hemoglobina Glicada


- Principal exame que reflete a glicemia.

Indica se houve picos de hiperglicemia em até 90 dias anteriores (que é o tempo que as hemácias duram no sangue - 90 dias).

Quanto mais hemoglobinas glicadas mais perigoso é o estado dessa pessoas. De 6 a 7 % de hemoglobinas glicadas é normal, mais que isso indica glicose descompensada.


* Frutosamina


Exame que indica a quantidade de albumina glicada no sangue.

Reflete o nível glicêmico de 15 a 30 dias anteriores.


Se houver albuminas glicadas indica que teve aumento glicêmico o bastante para ligar a glicose a proteínas nos últimos 15 a 30 dias.


Outras complicações
que a hiperglicemia pode causar é a passagem desse sangue pelo glomérulo leva à lesões nele.

Também faz demorar a cicatrização.

Em caso de hiperglicemia exercícios físicos ajudam a abaixá-la.

Avaliação da Função Pancreática

Anatomia e Fisiologia do Pâncreas


É considerado uma glândula mista, pois tem atividade Endócrina e Exócrina.

* Endócrino = Diretamente no sangue.
Hormônios como:

- Insulina.
- Glucagon.
- Somatostatina.


* Exócrino = Liberado para fora do corpo ou em uma cavidade.
Exemplo:

Suco pancreático
excretado no duodeno que contém enzimas digestivas.



Ductos


Do pâncreas sai o ducto pancreático levando o suco pancreático até o duodeno, mas antes desse ducto se unir ao duodeno, ele engrossa formando uma ampola chamada de ampola de Vater, que ela sim se une ao duodeno deixando sair o líquido com as enzimas na atividade de liberação exócrina do pâncreas.

Esse engrossamento do ducto virando Ampola de Vater, ocorre pois o ducto pancreático se junta na porção final com a porção final também do ducto biliar comum, liberando o suco junto com a bile no duodeno.

Esse ducto biliar comum é atualmente chamado de ducto colédoco.

O ducto colédoco traz a bile diretamente do fígado que acabou de ser produzida ou da bile onde estava armazenada, pois a liberação da bile por esses dois órgãos acaba nesse mesmo ducto.


Sendo assim o Pâncreas tem importante ação no processo digestivo, seja pela liberação de suco pancreático ou pela liberação de hormônios.

Patologias


* Adenocarcinomas

* Doenças virais ou autoimunes:


Como fabricação de autoanticorpos contra as células beta (aquelas que secretam insulina) e ilhotas pancreáticas (ilhotas de Langerhans, grupo de células que produzem insulina e glucagon, hormônios importantes na regulação do metabolismo de açúcar).

* Pancreatite

Inflamação grave no pâncreas.

Várias etiologias:
- Álcool
- Obstrução de ductos
- Sepse (choque anafilático)
- Medicamento
- Traumas
- Hipertrigliceridemia (excesso de triacilglicerídeos no sangue).


Marcadores da Função Pancreática


Aumento de enzimas que leva a lesão tecidual.


1) Amilase Sérica (Normal até 220 U/l)


A amilase é uma enzima que faz hidrólise de amido, podendo fazer sua quebra e do glicogênio em maltose (duas glicoses ligadas. Amilose é um tipo de amido formado por uma cadeia não ramificada de glicoses).


Essa enzima é produzida tanto pelo pâncreas quanto por células salivares. A amilase da saliva é chamada de ptialina, a amilase do pâncreas é amilase pancreática.


O aumento pode ser causado:

- Pancreatite aguda ou crônica
- Caxumba
- Intoxicação por álcool
- Colecistite aguda
- Obstrução de ductos

A diminuição:
- Hepatite, cirrose, insuficiência hepática.


2) Lipase Sérica (Normal de 23 a 300 U/l)


Enzima que proporciona o metabolismo de lipídios.

Aumento pode ocorrer por:

- Pancreatite
- Obstrução de ductos
- Traumas
- Carcinoma.


3) Coprológico Funcional


Avalia a eficácia dos processos digestivos.

Análise de evacuação total por 3 dias, já que as fezes são o resultado do processo de digestão.

Pode ser feito para diagnóstico de câncer no intestino, defeito de absorção de lipídios, amido e outros nutrientes.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Avaliação da Função Renal

Nos dois rins há cerca de 2 milhões de néfrons.

Cada néfron possui um glomérulo.

Cada glomérulo possui um túbulo que se divide em três partes (proximal, alça do néfron e distal).

Todos esses túbulos de cada néfron desemboca no túbulo coletor, dentro do rim e saem dele indo para o ureter e então para a bexiga.


* Fisiologia:


O rim tem a função de eliminar resíduos como:

- Ureia.
- Creatinina.
- Ácido úrico.
- Drogas.
- Toxinas.



E enquanto elimina esses resíduos da circulação deve também manter os nutrientes como:

- Proteínas,
- Aminoácidos,
- Glicose,
- Íons (sódio e potássio),
- Bicarbonato.



Essa retenção e eliminação de substâncias tem que ser então muito bem regulada para que não haja excesso nem falta delas em suas quantidades adequadas ao corpo.


 Assim o rim regula o equilíbrio como: o equilíbrio ácido-base e o equilíbrio hidroeletrolítico do sangue.


 

*O rim também faz síntese de hormônios e substâncias como:

- Eritropoietina:


Hormônio produzido pelo córtex do rim, serve para estimular a medula óssea a produzir eritrócitos.
Tem sua produção estimulada pela baixa de oxigênio no sangue que chega às artérias renais.


- 1,25 diidrocolecalciferol:


Formado a partir da vitamina D. Auxilia na absorção de cálcio pelo intestino.


- Renina:


Enzima que tem sua produção estimulada pela diminuição da pressão arterial nas arteríolas aferentes.

Converte o angiotensinogênio em angiotensina I, dando início a um processo com o intuito de aumentar a pressão arterial.


- Prostaglandina:


Mediador químico da inflamação. Em receptores causa hiperalgesia;  no hipotálamo causa aumento da temperatura corporal, levando a febre; causa vasodilatação e aumento da permeabilidade celular; inibe a produção de IL-1; promove a quimiotaxia.





Marcadores da Função Renal


São substâncias que podem ser medidas e seus valores comparados para avaliar a reabsorção, excreção e taxa de filtração do rim.



* Ureia tem que estar em uma concentração de 10 a 45 mg/dl.

Ureia é um produto do metabolismo nitrogenado, que ocorre com a quebra de proteínas (proteólise), a quebra de seus aminoácidos leva a formação de NH3.

Esse processo ocorre essencialmente no fígado e tem como resultado a ureia, pois a amônia é muito tóxica para permanecer nessa forma no organismo.

90% da ureia que chega aos rins é excretada.



Porém a ureia é um fraco preditor da Taxa de Filtração Glomerular, porque:

- Existe certa quantidade dela que retorna a circulação normalmente.
- Sua concentração no sangue tem influência da dieta (pois maior ingestão de proteínas levará a maior quebra delas).
- Sofre influência da taxa de produção hepática.

Esse exame é significativo para medição da Taxa de Filtração Glomerular quando for associado ao da creatinina.



* Azotemia:


É o aumento da concentração sanguínea de ureia e creatinina (componentes nitrogenados). É causada principalmente por algum tipo de problema renal.

Pode ter três causas principais:

- Pré-renal:
Perfusão sanguínea inadequada (passagem sanguínea baixa) pelas arteríolas do rim que faz aumentar a concentração dos solutos.
A concentração também pode estar aumentada por excesso de ingestão de proteínas ou por corticoides (eles estimulam o catabolismo proteico - gliconeogenese) e qualquer forma de diminuição da taxa de filtração glomerular que ocorre sem presença de doença renal.

- Renal:
Diminuição da Taxa de Filtração Glomerular que ocorre por causa de uma doença renal aguda ou crônica.

- Pós-renal:
Ocorre por obstrução do trato urinário, não chegando sangue para ser filtrado o que aumenta a concentração de ureia e creatinina no sangue.



* Creatinina:


É o produto do metabolismo muscular, onde a fosfocreatina tem seu grupo fosfato retirado e passado para uma molécula de ADP, formando ATP.

A creatinina é inteiramente filtrada pelo glomérulo, sem haver reabsorção o que faz dela um bom medidor da Taxa de Filtração Glomerular.
O nível de creatinina no corpo não sofre influência da dieta.

Porém a quantidade de creatinina varia de uma pessoa para a outra, pois quanto mais massa muscular mais creatinina é produzida, então maior é sua concentração no sangue.
Sendo assim o sexo, idade e massa muscular alteram a concentração de creatinina de pessoa para pessoa.

Outros fatores que podem fazer a creatinina estar elevada no sangue são exercícios vigorosos, utilização de anabolizantes e creatina, cimetidina e trimetropina.

A trimetropina e a cimetidina diminuem a excreção.



Os valores de referência para a creatinina então são:

- Homens = 0,6 a 1,2 mg/dl de creatinina no sangue.

- Mulheres = 0,5 a 1,0 mg/dl de creatinina no sangue.



Para a determinação da quantidade de creatinina pode-se utilizar métodos analíticos como colorimétrico enzimático ou reação de Jaffé.



* Cistatina C:


Um proteína que fica na corrente sanguínea, não sofre influência da dieta, da idade, da massa corporal ou sexo.

É o melhor marcador para avaliação da Taxa de Filtração Glomerular.

A metodologia usada é a nefelometria.



Depuração da Creatinina Endógena
(Clearance de Creatinina)


Depuração renal de uma substância é o volume de plasma em que essa substância pode ser totalmente depurada pelos rins por unidade de tempo.



Então depuração da creatinina é a quantidade de plasma de que os rins conseguem purificar completamente de creatinina por minuto por exemplo. Ou por dia, etc.


O teste de depuração da creatinina é indicado para:

- Monitoramento da Taxa de Filtração Glomerular,

- Frequência da diálise,

- Guia para excreção de drogas por via renal.


Precisa-se coletar a urina da pessoa durante 24 horas, uma amostra de sangue e se medir o nível de creatinina nos dois, além do volume total da urina.

Do paciente será necessário saber o peso e a altura para calcular a superfície corporal.


* Fórmula da depuração da creatinina:


Depuração = Creatinina na urina/Creatinina no soro X Volume em ml por min X 1,73/Superfície Corporal.



1,73 é o padrão médio da população.


O Volume da urina por minuto é calculado a média pelo volume em 24 horas.

Exemplo: 1,5 litros em 24 horas.

Que é o mesmo que 1500 ml em 1440 minutos.
Quantos mililitros se teve em 1 minuto?



* Valores de Referência da Depuração da Creatinina:

- Homens = 97 a 137 ml/min/1,73m^2

- Mulheres = 88 a 128 ml/min/1,73m^2


- Crianças = 70 a 140 ml/min/1,73m^2



 








Ácido Úrico



Produto do metabolismo das purinas.

Filtrado e excretado pelo rim.

Fatores que influenciam alterações em sua concentração são sexo, dieta, obesidade.



* Hiperuricemia:


Aumento da quantidade de ácido úrico no sangue.

Pode ser causado por:

- Excreção diminuída.

- Nitrogênio aumenta a produção de ácido úrico.


Ocasiona na pessoa:

- Linfoma/Leucemia.

- Obesidade.

- Gota: Processo inflamatório das articulações. Passa-se a ter acumulo de ácido úrico nelas que cristaliza.

Esse acumulo ocorre normalmente por problema renal, que acaba não eliminando o ácido úrico.




Valores de Referência:


- Homens = 3,5 a 7,2 mg/dl.

- Mulheres = 2,6 a 6,0 mg/dl.










Proteinúria



Há uma certa excreção de proteína pela urina, mas é mínima, enquanto for bem baixa é normal.

Quando houver então eliminação de proteína pela urina de forma anormal por ser causada por principalmente:

- Lesão glomerular:
que permite a passagem de proteínas maiores pelo glomérulo, no local da lesão.

- Diminuição da reabsorção de proteínas:
proteínas pequenas conseguem passar pela filtragem no glomérulo, mas são reabsorvidas para o sangue. 

Se essa reabsorção falhar elas serão eliminadas na urina.









Glicosúria



Normalmente a glicose é reabsorvida no rim.


Glicosúria é presença de glicose na urina.

Em casos de pessoas normais que passaram a ter glicosúria, pode ser por lesão no glomérulo ou diminuição da reabsorção da glicose.

Em casos de pessoas diabéticas, o excesso de glicose no sangue faz com que possa haver o aparecimento de glicose na urina.









Microalbuminúria


Albumina na urina. Até 30 mg não indica lesão, acima disso já se sabe que há lesão glomerular, deixando passar a albumina para urina.

(é uma proteína e proteínas não são eliminadas pela urina).

Com o aumento da concentração dela na urina (de 30 mg a 300 mg) pode-se acompanhar se há aumento da lesão.

A lesão glomerular ocorre com frequência em pacientes diabéticos e hipertensos.

domingo, 20 de maio de 2012

Equilíbrio Ácido-Base

Ácido: Doador de H+

Base: Receptor de H+

Tampão: Solução que mantém o equilíbrio na reação, não deixando que o pH sofra variação.


O pH do organismo precisa se manter constante, para isso utiliza uma solução tampão no sangue.




Tampão

Tampão formado por:



H2CO3 -> HCO3- + H+

Solução que aguenta alterações no pH, pois:

- Caso aumente o H+, será formado H2CO3.


- Caso diminua a quantidade de H+, mais do ácido carbônico se dissociará.

- E caso aumente a quantidade de OH-, ele se ligará ao H+ formando H2O.

Uma enzima chamada de anidrase carbônica catalisa a reação de dissociação do ácido carbônico liberando o próton e o bicarbonato.
Aumentando assim, também a velocidade de conversão de CO2 e H2O em H2CO3.

Nos rins os prótons H+ são formados pela ação da anidrase, que o libera do ácido carbônico formado a partir de dióxido de carbono e água. 
Então o ácido carbônico por seu um ácido de força moderada permanecerá dissociado entre 5 a 50% do seu total (pela ação da anidrase o total dissociado sempre será alto).
Liberando H+ e bicarbonato.

Todo esse processo ocorre com mais intensidade no corpo quando se necessita aumenta o pH corporal, liberando mais H+ para o meio.
Por isso menos CO2 será liberado pelos pulmões.


* Regulação do pH no organismo:

 
O organismo além desse tampão do bicarbonato que fica no sangue, também possui outras soluções com essas características de se ligar a cátions H+ e ânions OH- e manter o pH constante como:

- Tampão celular, promovido pelo fosfato.

- Tampão de hemoglobina.

- Tampão de proteínas.





Tampão Sanguíneo


PH do sangue fica entre 7,35 a 7,45. Levemente alcaloide.


- Variações até 7,95 e 6,85:

* Alcalose/Acidose:
Causados ou por distúrbios na respiração ou no metabolismo.

O tampão formado pelo bicarbonato é o principal.


Equação:

CO2 + H2O -> H2CO3 -> H+ + HCO3-



A quantidade de ácido que será produzido e o aumento do pH depende da quantidade de CO2.



- Controle Respiratório:
Portanto o aumento ou diminuição da frequência respiratória (havendo maior ou menor eliminação de CO2) resultará em alcalose e acidose, respectivamente.

- Controle Renal:
Mudança do pH do sangue devido ao metabolismo.

Eliminação de H+ pelo rim aumentada leva a alcalose.

Retenção ou eliminação de HCO3- aumentada leva a alcalose e acidose, respectivamente.



 
 Acidose Metabólica


Rim filtra o sangue e elimina H+, mas ocorre alguma alteração que esse H+ fica retido por mais tempo.

Então se acumula no organismo e faz ocorrer quebra de lipídios e criação de corpos cetônicos.


* Causas:


- Maior produção de ácidos pelo corpo (Cetoacidose diabética). 

Assim os rins não conseguem eliminar H+ suficiente.

- Ingestão excessiva de ácidos.

- Perda excessiva de bases (diarreia: aumenta a velocidade peristáltica do intestino e ele não absorve nada).

- Aumento de ácido lático (glicogenólise: quebra de glicogênio).

- Insuficiência Renal:
Perda da capacidade de reabsorção do bicarbonato (de volta para o sangue, havendo então alta eliminação) e/ou de eliminação de H+.


* Compensação:
Ocorre então uma compensação por via respiratória:

- Aumento da frequência respiratória: Hiperventilação (havendo maior liberação de CO2, diminuindo a produção de ácido e deixando então o pH mais alcalino).

Ocorre também compensação fisiológica em outras partes que causa:

- Aumento da excreção de H+ e/ou maior reabsorção nos rins de HCO3-.

- Aumento da excreção de NH4+ (amônio, ácido fraco -retém muito o H+) e aumento da produção de bicarbonato.



 
 Acidose Respiratória


Mudança na concentração de CO2.

Baixa eliminação de CO2, aumentando assim a produção de ácido.


* Causas:


- Diminuição de trocas gasosas.

- Depressão do centro respiratório.

- Edema pulmonar.

- Bronquite crônica.

- Parada respiratória.



* Compensação fisiológica:


- Aumento da reabsorção de HCO3- e aumento da excreção de NH4+.

- Aumento na excreção líquida de ácidos.

Essa compensação que ocorre então é metabólica já que a respiração está prejudicada causando a acidose, porém a compensação metabólica é lenta, demora por volta de 24 horas para fazer efeito.


Para um efeito mais rápido é necessária a administração de bicarbonato por via intravenosa, acabando assim com a acidose.





Alcalose Metabólica




Aumento das bases corporais.


* Causas:


- Perda de conteúdo gástrico (Vômito)


- Utilização de antiácidos.

- Ingestão excessiva de bases.

- Uso abusivo de diuréticos (ocorre além do impedimento de reabsorção de K+ e Na+, também estimula a eliminação de H+ nos túbulos distais, como os tiazídicos fazem).


* Compensação fisiológica:


Ocorre principalmente por via respiratória:

- Diminuição da frequência cardíaca: Hipoventilação (havendo retenção de CO2 e maior produção de ácido).

Ocorre compensação fisiológica também como:

- Aumento da exceção de HCO3-: faz 64% da ação de todo o tamponamento, sua eliminação então faz com que aumente a quantidade de H+ e diminua o pH.

- Aumento da retenção de H+ pelo rim.





Alcalose Respiratória




Diminuição da concentração de CO2.

Eliminação de CO2
aumentada, o que faz diminuir a produção de ácido.


* Causas:


- Aumento das trocas gasosas.

- Estímulo dos centros respiratórios.

- Resposta a ansiedade.




* Compensação Fisiológica:


- Diminuição da excreção de ácidos pelos rins.



Gasometria



Exame que faz a avaliação do equilíbrio ácido-base.


- Exame invasivo: Punção arterial.


Para esse exame é importante vedação da amostra, transporte em gelo e o tubo deve conter heparina (tampa verde).


Serve para:

- Determinar concentração de pO2, pCO2, de HCO3-.

- Determinar o pH do sangue.

- Determinar se há excesso de bases.



* O pH como se sabe tem que estar entre 7,35 a 7,45.


Além desses valores determina estado de alcalose ou acidose.


* A pressão de O2 (pO2) tem que estar entre 80 a 100 mmHg:

Para que haja eficácia nas trocas gasosas nos alvéolos (passagem de O2 para o sangue pelo gradiente de concentração - concentração de O2 nos alvéolos maior).


* A pressão de CO2 no sangue tem que estar entre 35 a 45 mmHg:

Para que haja eficácia na ventilação pulmonar.


* O HCO3- tem que estar com concentração de 22 a 26 mEq/L (miliequivalentes por litro).

Se não desencadeia distúrbios metabólicos.


* B.E. = Base Excess ou excesso de base é medido por exemplo com:

-2 ou +2, onde se exprime excesso (+) ou falta (-) de base.



Exemplo:


Resultados do exame de certo paciente:

- pH = 7,30
- pO2 = 140
- pCO2 = 50
- HCO3- = 24
- B.E. = -6


Percebe-se então que está com falta de base. O pH se mostra levemente ácido.

A quantidade de CO2 e O2 está aumentada, portanto a pessoa está retendo esses gases, o que significa que está hipoventilando.

O HCO3- que determinaria algum distúrbio metabólico está normal.

Resultado é que o paciente está com acidose respiratória por baixa eliminação de CO2 e consequente aumento da formação de H2CO3.



Exemplo 2:



- pH = 7,58
- pO2 = 56
- pCO2 = 23
- HCO3- = 22
- B.E. = +5


Está havendo base a mais, porém a quantidade de HCO3- está dentro do normal, o que diz ser um distúrbio ácido-base respiratório, não metabólico.

Há baixa concentração de O2 e CO2, o que indica hiperventilação e portanto pouco CO2 para formar ácido.

Alcalose respiratória.





terça-feira, 15 de maio de 2012

Família de Receptores



Pode haver receptores como enzimas e proteínas estruturais dentro e fora das células.
Porém receptores que transformam sinais extracelulares em respostas intracelulares são divididos em 4 famílias:


Receptores Ligados 
aos Canais Iônicos


Também chamados de ionotrópicos. 


Há canais de sódio disparados por voltagem e não por receptores ativados por ligantes, porém eles também podem ser influenciados por fármacos, é neles que os anestésicos agem.


Os ionotrópicos são ativados por receptores que causa neles a abertura ou fechamento.
Eles são canais de passagem de íons de resposta rápida (milisegundos).

Quando os receptores ligados a esses canais são ativados fazem eles polarizarem ou despolarizarem, assim aumentando ou diminuindo a resposta, pois passarão a permitir ou impedir a passagem de íons.


- Exemplos de receptores de canais ionotrópicos:
 
Nicotínicos e GABA (ácido gama aminobutírico). 



Esses receptores ficam acoplados aos canais, podem ser ativados pela acetilcolina. 
No canal nicotínico, quando ativado pela Ach, deixa ocorrer a passagem de sódio pela membrana da célula.


Os canais são formados por no mínimo 4 subunidades: alfa, beta, gama e delta.

Os canais com receptor de acetilcolina (Ach), possui duas subunidades alfa.


A subunidade alfa é especializada para ter o sítio ligante.


* Mecanismo de Comporta:


O mecanismo no qual esses canais agem é chamado de mecanismo de comporta.


Quando os sítios ligantes da subunidade alfa (os receptores do canal) são ativados, ha uma mudança na conformação das proteínas que compõem o canal iônico, permitindo ou não a passagem de íons.




- A seletividade dos canais como o nicotínico, acontece pela mudança na conformação deixar todos os aminoácidos de carga negativa, atraindo o Na+ a passar por ele.


- O GABA quando ativado, fica com seus aminoácidos positivos para possibilitar a passagem de Cl-.




Receptores Ligados 
à Proteína G 




Também chamados de metabotrópicos.


São receptores que possuem intermediários para a ocorrência da resposta final.
Quando esses receptores são ativados esse intermediário faz ocorrer a resposta.


São receptores que têm sua resposta mais demorada que dos canais iônicos, chegando a demorar segundos (não mais milissegundos).




* O intermediário é a proteína G:


Ela capta a "informação", o estímulo do receptor ativado e leva a efetuadores intracelulares, que são conhecidos como segundo mensageiro, parte efetora que iniciará realmente os efeitos.

Seria o intermediário entre o receptor e um determinado alvo efetor (que faz efeitos), podendo ser esse alvo final canais iônicos específicos que são ativados pelo intermédio da proteína G ou enzimas.



- Exemplos de receptores acoplados ao intermediário (proteína G):

Muscarínicos (ativados pela acetilcolina) e adrenérgicos (como o beta 1 ativado pela noradrenalina).




A proteína G é formada por 3 subunidades: Alfa, beta e gama.


Fica na membrana plasmática ao lado de um receptor que quando ativado vai fazê-la agir transmitindo o estímulo.


As subunidades beta e gama não se separam e em repouso permanecem todas as 3 subunidades ligadas, com uma molécula de GDP ligada na subunidade alfa.


Essa molécula de GDP, quando o receptor é ativado, ela que estava ligada na subunidade alfa, desliga-se da proteína e um GTP entra no seu ligar.


As subunidades beta e gama permanecem no lugar ligadas umas as outras, enquanto a subunidade alfa ligada ao GTP se desloca e se liga ao alvo efetor, podendo estimulá-lo ou inibi-lo.


Quando a substância que ativou o receptor se deliga dele, a enzima GTPase consegue quebrar a molécula de GTP da subunidade alfa, retirando um fosfato e transformando-a em GDP.
Sendo assim essa subunidade passa a ter somente atração pela subunidade beta e gama, voltando a se unir.

Quinases são enzimas que fazem fosforilação.

Fosfatase são enzimas que fazem desfosforilação (como a GTPase).




* Classes de Proteína G:


- Gs: Estimulatória.


- Gi: Inibitória.




Pode-se ter um receptor que esteja acoplado a proteína Gs e um outro que esteja ligado a proteína Gi. São proteínas G que desencadearão ação sobre o mesmo alvo efetor, só que uma estaria passando informações para esse alvo fazer o inverso da outra.
É o caso dos receptores de noradrenalina do simpático e os de acetilcolina do parassimpático que estão acoplados a proteína G. Cada um a uma determinada classe de proteína G, inibitória e estimulatória.


Causando assim o antagonismo fisiológico.




* Tipos de alvos da proteína G:




Se liga ao alvo e passa o estímulo para esses efetores causarem efeito.

Os alvos efetores da proteína G podem ser:


  • Canais Iônicos (causando sua regulação) 

Logo quando o receptor é ativado por uma substância que se liga a ele e muda sua conformação, a proteína Gs (por exemplo) capta o estímulo e age ligando sua subunidade alfa GTP ao canal iônico que é então aberto.






* Nem sempre esses efetores que a proteína G ativar ou inibir serão os alvos efetores do efeito final. 
Pois esse a quem a proteína G ativa, pode ser somente o primeiro mensageiro, que gera mudanças celulares até ativar o segundo mensageiro que causa o efeito celular final. 
Esse processo ocorre nos chamados sistemas que possuem a proteína G como intermediária. Como os sistemas:


 

  • Sistema fosfolipase C/fosfato de inositol


Receptor é ativado por uma substância que se liga a ele e provoca mudanças em sua conformação, a proteína G então acoplada a ele é ativada, captando e transmitindo esse estímulo.


Então a subunidade alfa GTP da proteína G se liga a fosfolipase C (PLC), enzima que fica ativa, podendo fazer a clivagem do fosfatidil inositol difosfato do citoplasma (PIP2) em: diacilflicerol (DAG) e inositol trifosfato (IP3).


O diacilglicerol (DAG) e o inositol trifosfato (IP3) são os considerados os segundos mensageiros do sistema.

- DAG: Converte proteína quinase C inativa em proteína quinase C ativa (PKC).


Quando a PKC está ativa ela fosforila o aminoácido serina e tirosina de proteínas.

- IP3: O inositol trifosfato aumenta muito a entrada e as reservas de cálcio intracelular.


Esse aumento de cálcio e ativação da PKC causa:

Estímulo da função celular. 

Sendo ações como: Contração muscular lisa, aumento da força do bombeamento cardíaco, aumento de secreção glandular, aumento da liberação de neurotransmissores e hormônios.


Sistema acoplado a proteína G estimulante de fosfolipase C ocorre nos receptores muscarínicos de Ach os: M1 e M3. 
Aumentando o nível intracelular de diacilglicerol e de trifosfato de inositol, consequentemente aumenta a entrada de cálcio e a função celular.



  • Sistema Adenilato Ciclase/AMPc


AMPc = Adenosina monofosfato cíclico.


A proteína G quando ativada, liga sua subunidade alfa-GTP passando estímulo para o adenilato ciclase, deixando-o capaz de transformar ATP em AMPc.

Portanto a adenilato ciclase é o primeiro mensageiro, o que é ativado pela proteína G e o AMPc é o segundo mensageiro, que é fabricado pelo adenilato ciclase e que gerará os efeitos celulares finais.


O segundo mensageiro sempre é fabricado ou ativado, depois da ativação do receptor, do primeiro mensageiro e da transmissão da mensagem.

O AMPc faz a PKA, proteína quinase A inativa, ficar ativa. 
Ela fosforila proteínas estimulando a função delas.




* Efeitos causados pela proteína quinase A ativa:


Metabolismo energético (faz ocorrer a quebra de glicogênio em glicose), estimula a ocorrência de divisão celular, aumenta o transporte de íons para dentro e para fora das células abrindo canais iônicos, faz com que ocorra contração da musculatura lisa.




O AMPc volta a ser ATP pela enzima fosfodiesterase. 




Receptores Ligados 
a Proteína Quinase




Também chamado de receptores ligados a enzimas, pois a quinase é uma enzima que quando ativada passará a fosforilar os produtos intracelulares.

Têm resposta mais lenta que os outros. Mais lento que: 
- Receptores ligados a canais iônicos e que 
- Receptores acoplados a proteína G.



- Exemplo de receptores ligados a enzimas:

Receptor de insulina.




a
sss





Receptores Intracelulares




Feitos por receptores esteroides que seus ligantes conseguem passar pela membrana, inclusive a nuclear.


São os de resposta mais demorada das 4 família e influenciam na transcrição gênica, podendo estimular a transcrição de genes específicos.
Resultando RNAm desses genes, que saem do núcleo e são traduzidos em proteínas específicas, estimulando determinado efeito biológico.





Fazem parte de sistemas de regulação da transcrição gênica.



Via Ras/Raf


Via Jak/Stat




* Essa transcrição gênica pode ser influenciada por:

- Citocinas

- Fatores de Crescimento

São exemplos de ligantes dos receptores esteroides nucleares.





dasas

domingo, 13 de maio de 2012

Locais de Ação dos Fármacos

Receptores 



Receptores são proteínas reguladoras.


Fármacos podem ativar ou inibir esses receptores.

Existem diversos tipos de receptores.



Canais Iônicos 


São canais na membrana das células que permitem a passagem de íons.

Fármacos podem bloquear ou modular os canais iônicos.


* Procaína e Lidocaína são anestésicos locais que bloqueiam os canais de sódio e potássio dependente, impedindo assim a criação de potencial (dentro da célula é mais negativo, com a entrada desses cátions ela despolariza, ficando positiva dentro por um tempo, esse estímulo é passado pelas células pelo organismo), não ocorrendo estímulo ou resposta de dor.


* Benzodiazepínicos como o lorazepam entre outros, mantem o canal iônico GABA aberto por mais tempo, permitindo maior entrada de Cl-, dessa forma a célula fica hiperpolarizada, demorando sua despolarização e consequente geração de potencial.







Enzimas
 

São proteínas que agem como catalizadores biológicos de alta especificidade.

S (substrato) + E (enzima) -> SE (complexo enzima-substrato)
SE -> P (produto) + E (enzima).

Então caso haja um substrato falso para começar essa reação, resultará em um produto falso e enquanto essa enzima estiver fazendo esse produto, ela não poderá gerar o produto verdadeiro de sua catalização.



Esse processo pode ser útil se o fármaco for um substrato falso da enzima que cataliza a reação de fabricação da noradrenalina por exemplo.
Então haveria menor produção (do produto verdadeiro) desse neurotransmissor.


Transportadores


O exemplo mais comum de transportador é a bomba de sódio e potássio, que transfere 3 átomos de sódio para fora da célula e 2 átomos de potássio para dentro com o gasto de uma molécula de ATP.
Esse processo deixa o interior da célula sempre com menos partículas positivas do que o meio externo.


Há também transportadores de várias outras substâncias como de serotonina da fenda sináptica.
Depois que ela ativa seus receptores na membrana pós-sináptica, ela é pega de volta para os neurônios pré-sinápticos. 

Tipos de Antagonismo


Competitivo
 

No antagonismo competitivo, o antagonista compete pelo mesmo receptor do agonista.

Nas células cardíacas têm a presença um receptor chamado de beta 1, onde a noradrenalina é seu agonista endógeno.

Quando a noradrenalina se liga ao beta 1, abre-se canais para entrada de cálcio na célula, gerando diferença de potencial e impulso mais rapidamente, causando aumento das contrações celulares, consequentemente aumento de bombeamento cardíaco e o débito cardíaco.

* Propranolol se liga ao receptor beta 1 impedindo a noradrenalina de ativá-lo.
Sendo então um antagonista competitivo da noradrenalina.


* Dobutamina se liga ao beta 1 e o ativa, mantendo o débito cardíaco elevado, é usado caso ele esteja caindo como logo após um processo cirúrgico. 
Sendo então um agonista exógeno.















Não Competitivo




No antagonismo não competitivo, o antagonista irá impedir os sinais celulares gerados pela ativação de um receptor pelo agonista.  

Esse impedimento é feito pela ativação de um outro receptor que cause efeito contrário ao da ativação do receptor do agonista.


* Verapamil: é um antagonista não competitivo da noradrenalina, bloqueando os efeitos intracelulares causados pela ativação do beta 1 pela noradrenalina.
Ele é considerado da classe dos bloqueadores dos canais de cálcio.
Quando se liga ao seu receptor faz com que os canais de cálcio não possam ser abertos, então não havendo aumento na intensidade do bombeamento nem aumento no débito cardíaco.



Os agonistas ou antagonistas quando se ligam a receptores, eles se ligam, ativam o receptor, mudando a conformação do receptor e então eles se soltam.





 

Químico


No antagonismo químico, o antagonista é uma substância que se liga quimicamente a outra (ao agonista) inativando-a, não a deixando causar seu efeito sobre o receptor e resposta do organismo.




Fisiológico



Parecido com o antagonista não competitivo, mas é um tipo de antagonismo que ocorre fisiologicamente.
No organismo existe um receptor que faz uma certa ação e um que a antagoniza. 
Inclusive possui fisiologicamente agonistas desses dois tipos de receptores.

Como nas células do coração possui receptores que estimulam as ações do coração, aumentando o débito cardíaco que é o beta 1 e seu agonista, a noradrenalina.
Nessas mesmas células existe receptores muscarínicos que quando ativados diminuem o débito cardíaco, seu agonista é a acetilcolina.

Cada um desses receptores fazem parte de um tipo do sistema nervoso autônomo, ou simpático ou parassimpático e são constantemente ativos, antagonizando o efeito um do outro e mantando-se em equilíbrio. 




Farmacocinético



No antagonismo farmacocinético, o antagonista altera alguma característica farmacocinética do agonista (podendo ser sua absorção, distribuição ou eliminação), diminuindo sua concentração no seu local de ação.



*Por exemplo, pode influenciar na eliminação:

- Inibição enzimática: Diminuindo a metabolização do agonista, aumentando seu tempo de permanência.

- Indução enzimática: Aumentando sua metabolização, portando diminuindo seu tempo de permanência e ação no organismo.

Eliminação mais rápida.







* Antialérgicos antagonizam a histamina na ativação do receptor H1.